UE anuncia pacote de 7,4 mil milhões e parceria estratégica com o Egipto

Organizações de defesa dos direitos humanos criticam solução destinada a reduzir travessias de migrantes no mar Mediterrâneo.

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Dirigentes europeus no Cairo EPA/EGYPTIAN PRESIDENTIAL OFFICE / HANDOUT
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A União Europeia enalteceu este domingo a importância da parceria fechada com o Egipto, nomeadamente nas migrações, ao assinar no Cairo um acordo no valor de 7,4 mil milhões de euros, entre empréstimos, investimentos e ajudas a programas.

“Seis dirigentes europeus encontram-se hoje no Cairo. Isto mostra como valorizamos profundamente a nossa parceria com o Egipto”, escreveu, na rede social X (antigo Twitter), a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, numa mensagem acompanhada de uma foto ao lado do Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi.

“Lançamos hoje a nossa parceria estratégica e global com o Egipto. Trabalharemos em conjunto em seis áreas de interesse mútuo: relações políticas; estabilidade económica; investimentos e comércio; migração; segurança e pessoas e competências”, escreveu ainda a líder europeia.

A delegação europeia incluiu ainda a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o Presidente cipriota, Nicos Christodoulides; o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, o chanceler austríaco, Karl Nehammer; e o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo.

Segundo uma fonte europeia citada pela AFP, o acordo de parceria inclui cinco mil milhões de euros em empréstimos, mil milhões dos quais pagos antes do final de 2024, bem como 1,8 mil milhões de euros em investimentos, 400 milhões de euros em ajudas para projectos bilaterais e 200 milhões de euros para programas que lidam com questões relativas às migrações.

“Elevamos a relação entre a União Europeia e o Egipto ao estatuto de uma parceria estratégica global [que] vai do comércio à energia com baixo teor de carbono e à gestão das migrações", afirmou Von der Leyen.

O elemento migratório do acordo é semelhante ao assinado em Julho com a Tunísia: os europeus esperam que os países de origem ou de trânsito dos migrantes suspendam as partidas e readmitam os seus cidadãos ilegais na União Europeia – uma posição já criticada por organizações de defesa dos direitos humanos.

“O padrão é o mesmo dos acordos falhados da UE com a Tunísia e a Mauritânia: prender os imigrantes, ignorar os abusos”, alertou a Human Rights Watch.

Os dirigentes discutiram os conflitos fronteiriços: no Sudão, na Líbia e em Gaza, onde Israel – em guerra com o movimento islamista palestiniano Hamas – aumentou a pressão sobre o Cairo, assegurando que está a avançar com os seus planos para invadir Rafah, às portas do Egipto, onde estão mais de 1,5 milhões de palestinianos, deslocados pelo conflito.