Ex-vice-presidente Pence não apoia candidatura de Trump à Casa Branca
Antigo “número dois” do ex-Presidente elogia agenda “conservadora” implementada, mas diz que as divergências vão para além da oposição de Trump à certificação dos resultados das últimas eleições.
Mike Pence, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, revelou na sexta-feira à noite que “não vai apoiar” a candidatura de Donald Trump à eleição presidencial de Novembro, contra o Presidente democrata, Joe Biden.
Aliado próximo do ex-Presidente republicano durante praticamente toda a governação (2016-2020), Pence afastou-se de Trump quando este se opôs à certificação dos resultados da eleição de 2020, vencida por Biden, num processo que culminou com a invasão do Capitólio por apoiantes do agora candidato republicano à Casa Branca.
Em declarações à Fox News, Pence disse que a sua posição “não deveria ser uma surpresa” para ninguém, tendo em conta aquilo que defendeu quando ele próprio era candidato nas primárias do Partido Republicano – desistiu antes do início oficial das votações internas do partido.
Dizendo estar “incrivelmente orgulhoso” da agenda “conservadora” que a Administração Trump implementou, “tornando a América mais próspera, mais segura e vendo [juízes] conservadores serem nomeados” para os tribunais do país, nomeadamente para o Supremo Tribunal, o ex-vice-presidente garante, ainda assim, que há muitas divergências entre os dois.
“Deixei claro que havia diferenças profundas entre mim e o Presidente Trump sobre uma série de questões e não apenas nas nossas divergências sobre os meus deveres constitucionais, que exerci no dia 6 de Janeiro”, afirmou, nomeando, concretamente as diferenças sobre o “compromisso para enfrentar a dívida nacional” e no “compromisso sobre a santidade da vida humana”.
De acordo com diversos depoimentos de antigos funcionários da Casa Branca, feitos sob juramento, durante o processo de inquérito na Câmara dos Representantes sobre a invasão do Capitólio, o ex-Presidente terá dito que Pence merecia ser enforcado por recusar travar ou adiar a certificação da vitória de Biden na eleição de 2020.
Mike Pence não alinhou até ao fim na narrativa da “fraude eleitoral” promovida por Trump e pelos seus aliados, recusada por dezenas de tribunais norte-americanos, e, na qualidade de vice-presidente do país e de presidente do Senado, transmitiu ao Congresso os resultados tinham sido validados pelos estados.
Durante o ataque ao Capitólio, no dia da cerimónia de certificação dos resultados eleitorais, muitos apoiantes de Trump gritaram “enforquem Mike Pence”. Na sua campanha nas primárias, o visado lembrou que a sua vida esteve em perigo nesse dia.
Já depois da desistência de Nikki Haley, a sua última adversária nas primárias republicanas – que também não declarou apoio à candidatura do ex-Presidente –, Donald Trump recolheu o número suficiente de delegados para ser o concorrente oficial do Partido Republicano na votação de Novembro, contra o Presidente, Joe Biden, que também já assegurou os delegados necessários.
Questionado, na Fox News, se a sua posição sobre Trump significa que irá votar no chefe de Estado democrata, Pence respondeu: “Sou republicano. Como irei votar quando a cortina se fechar… isso fica para mim.”