Greve geral de jornalistas: mais de 40 órgãos de comunicação social parados

Rádios TSF e Antena 1 não estão a fazer noticiários. Agência Lusa sem notícias.

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Manifestação de trabalhadores do Global Media Group, no Porto, no dia 10 de Janeiro Nelson Garrido/Arquivo
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Mais de quatro dezenas de órgãos de comunicação social estão paradas, devido à greve geral de jornalistas convocada para esta quinta-feira contra os baixos salários, a precariedade e a degradação das condições de trabalho. O balanço foi feito esta tarde pelo Sindicato de Jornalistas.

Em comunicado, o organismo liderado por Luís Simões, salientou que à meia-noite de quinta-feira já não houve noticiários na Antena 1 nem na TSF e que a agência de notícias Lusa não está a produzir notícias. "Está dado o tiro de partida para a primeira greve geral de jornalistas em mais de 40 anos", lê-se.

De acordo com uma lista publicada pelo sindicato e actualizada esta quinta-feira à tarde, alguns dos meios de comunicação social sem produção de notícias desde a meia-noite são o histórico Jornal do Fundão, o Sul Informação, o Fumaça, a RTP Madrid, a Visão, o Diário de Notícias e as revistas Caras e Activa. Há fortes perturbações na produção de noticiário em dezenas de outras redacções como a do PÚBLICO, Expresso, Renascença, O Jogo.

A agência Lusa tem uma nota no seu site dizendo que "por respeito à greve decidida em congresso pelos jornalistas portugueses e na defesa da dignidade do serviço público prestado pela agência, a direcção de informação da Lusa decidiu interromper o serviço da agência de notícias. O serviço será restabelecido caso existam condições para esse efeito".

"O impacto da greve geral, aliás, começou ainda antes nas redacções. Muitas chefias, preocupadas com a adesão, anteciparam dias de fecho de jornais, fizeram convites antecipados para programas, trocaram turnos para acautelar faltas de prováveis grevistas, ou reforçaram-nos para atenuar o impacto da paralisação", indica ainda a nota do Sindicato de Jornalistas, que lembra que "o empregador não pode substituir trabalhadores em greve ou fazer outros esquemas que limitem os seus impactos".

Para esta quinta-feira, foram marcadas concentrações de jornalistas em Coimbra, pelas 9h, no Porto, na Praça Humberto Delgado, pelas 12h, e em Lisboa, no Largo do Camões pelas 18h. Há mais de 40 anos que não havia uma greve geral de jornalistas.

No Porto, dezenas de jornalistas concentraram-se frente à Câmara Municipal, na Avenida dos Aliados, com cartazes a defender o jornalismo e a liberdade. "O chatGPT não faz contraditório", lia-se num dos cartazes.

Em declarações à RTP, Miguel Carvalho, jornalista freelancer, afirmou que os jornalistas "estão a lutar por melhores condições e para evitar situações de escravatura que se têm acentuado nos últimos anos". "Estamos a defender quem está lá em casa, quem valoriza o que é importante numa democracia, o escrutínio", defendeu.

"O jornalismo vive um momento de emergência para travar a degradação das condições de vida", afirmou, por seu lado, Luís Simões, presidente do Sindicato de Jornalistas, presente na concentração de jornalistas, no Porto.

A concentração em Lisboa, ao final da tarde, juntou centenas de pessoas, muitas com cartazes onde se lia: "Não desistimos, pelo DN, pelo jornalismo", "Jornalismo sempre, democracia sempre", "O amor ao jornalismo não paga contas".

"Chegámos a um limite. Não temos condições de trabalho para assegurar que o público tenha acesso a uma informação verdadeiramente livre e independente. Um jornalismo forte, rigoroso e credível é essencial para a democracia", explicou Sofia Branco, jornalista e presidente da Associação Literacia para os Media e Jornalismo.

O ano de 2024 arrancou com salários em atraso no Global Media Group, sendo que esta semana foi anunciado um despedimento colectivo no Diário de Notícias.

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