Mais de cem extremistas a trabalhar para a AfD no Parlamento alemão

Investigação da TV pública da Baviera sobre extremistas empregados pela Alternativa para a Alemanha mostra que são um número maior do que se pensava. Alguns são neonazis.

Foto
A AfD, no seu todo, não é considerada um partido extremista pela Agência para a Protecção da Constituição Reuters/ANDREAS GEBERT
Ouça este artigo
00:00
02:05

O número de extremistas empregados pelo grupo parlamentar da Alternativa para a Alemanha (AfD) é maior do que se sabia, segundo uma investigação da Bayerische Rundfunk (BR): são mais de cem pessoas que vêm de meios extremistas.

A AfD é um caso peculiar no sentido em que no seu todo não é considerada um partido extremista pela Agência para a Protecção da Constituição (BfV, na sigla alemã, os serviços de informação interna), mas algumas partes são, como a juventude partidária Jovem Alternativa, ou as secções de três estados, a Turíngia, Saxónia-Anhalt e Saxónia.

A emissora pública da Baviera explica que não há dados certos sobre o número de pessoas empregadas pelo grupo parlamentar da AfD (78 deputados) e que o seu trabalho foi feito com recurso a várias listas internas do Parlamento, num total de cerca de 500 pessoas, permitindo a identificação de algumas pessoas que são identificadas em relatórios da BfV – havia participantes em marchas neonazis em várias cidades – e outras que têm posições de liderança em organizações que estão a ser observadas pela agência por serem um perigo para a democracia. Há ainda 25 funcionários parlamentares que são da Jovem Alternativa.

Mais de metade dos deputados da AfD tem a trabalhar nos seus gabinetes pessoas que são activas em organizações descritas como de extrema-direita pela BfV, incluindo os co-líderes Alice Weidel e Tino Chrupalla.

Entre os casos identificados pela BR, havia ainda o de pessoas que saíram da AfD por polémicas envolvendo o seu extremismo – um deles, Frank Pasemann, fora expulso em 2020 depois de ter sido deputado (acusado de prejudicar o partido e de anti-semitismo), e outro, Marvin Neumann, saiu sob pressão no ano seguinte, depois de fazer uma afirmação sobre “supremacia branca”.

Entre os nomes das pessoas que trabalham para os parlamentares da AfD há ainda um caso de uma pessoa que está impedida de entrar no edifício do Parlamento em Berlim: Mario Müller, que esteve no encontro de Potsdam em que foi discutida uma ideia de “remigração” com planos de expulsar estrangeiros da Alemanha e até pessoas com cidadania alemã.

Uma notícia sobre esse encontro no site de investigação Correctiv provocou uma onda de indignação e grandes manifestações pela democracia na Alemanha.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários