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O que faz Roma com as moedas que são atiradas para a Fontana di Trevi?
As moedas são retiradas e levadas para a Cáritas, que utiliza o dinheiro para financiar um banco alimentar, uma cozinha comunitária e projectos de assistência social. 2022: 1,4 milhões de euros.
À medida que as moedas dos visitantes caem na majestosa Fonte de Trevi, em Roma, transportando desejos de amor, boa saúde ou um regresso à Cidade Eterna, na prática elas significam ajuda a pessoas que os turistas nunca conhecerão.
As moedas acumulam-se durante vários dias antes de serem pescadas e levadas para a Cáritas de Roma, que conta os baldes cheios de trocos e os utiliza para financiar um banco alimentar, uma cozinha comunitária e projectos de assistência social.
Só em 2022, a Caritas arrecadou 1,4 milhões de euros da fonte e espera ter arrecadado ainda mais em 2023. Roma é uma das cidades mais visitadas do mundo, com 21 milhões de turistas.
A extracção das moedas é por si só um espectáculo e envolve trabalhadores da concessionária ACEA que se equilibram à beira da vasta fonte barroca, utilizando longas vassouras e mangueiras de sucção.
As moedas são então entregues à Cáritas, onde são secas com secadores de cabelo e secadores de talheres, classificadas e contadas.
Placas ao redor da fonte explicam que o troco será destinado a instituições de caridade — ideia que agrada a muitos dos turistas que posam perto do marco.
“Quero pedir um desejo pessoal”, disse a brasileira Yula Cole. "Mas também sei que esta moeda não vai ficar aí, mas vai ajudar pessoas necessitadas.”
A Fonte de Trevi, concluída em 1762, cobre um lado do Palazzo Poli, no centro de Roma, com as estátuas de tritões guiando a carruagem do deus Oceanus, ilustrando o tema da domesticação das águas. Foi aí que o realizador Federico Fellini montou uma das cenas mais famosas do cinema em La Dolce Vita, com Anita Ekberg entrando na fonte depois da meia-noite e chamando Marcello Mastroianni. Hoje é proibido entrar na água e os turistas enfrentam multas se o fizerem.
Duas vezes por semana, até quatro trabalhadores recolhem as moedas, disse Francesco Prisco, gerente da ACEA. A fonte é drenada para limpeza duas vezes por mês. “As operações de recolha e limpeza são realizadas o mais rapidamente possível para tentar diminuir o tempo de inactividade do chafariz”, disse.
Depois de as moedas terem sido varridas, são levadas para os escritórios da Cáritas, onde o funcionário Fabrizio Marchioni as espalha sobre uma enorme mesa para as secar. Não são apenas as moedas que são pescadas. Os trabalhadores retiraram jóias, dentaduras, medalhas religiosas e até cordões umbilicais.
Ao longo das décadas, as moedas foram alvo de "golpes", por vezes perpetrados com ímanes presos a uma vara.
Perto da estação principal de Roma fica o supermercado da Cáritas, conhecido como Emporium, que distribui alimentos a moradores necessitados que podem comprá-los com fichas num cartão. “Eu era ferreiro, mas depois perdi o emprego e a minha artrite não ajuda a encontrar um novo emprego. Felizmente, existem lugares como este”, disse um homem que se identificou apenas como Domenico.
Outro homem, Luigi, explica: “Era construtor e também proprietário de uma empresa de sistemas de videovigilância antes de perder o emprego. Lugares como este dão ajuda concreta.”