Nuno Melo estreia em Matosinhos o seu primeiro disco a solo, Fora de Formato

Com duas décadas na música, Nuno Melo apresenta na sexta-feira, ao vivo, o seu recém-lançado álbum de estreia a solo, Fora de Formato. No Teatro Constantino Nery, às 21h.

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Nuno Melo, guitarrista e agora a solo JOE HUNT
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Como músico, não como cantor, já o vimos em muitos projectos ao longo dos últimos 20 anos. Mas só agora lançou o seu primeiro álbum a solo, a que deu o nome de Fora de Formato. Nuno Melo vai apresentá-lo ao vivo em Matosinhos (onde nasceu, em 4 de Outubro de 1985) na próxima sexta-feira, 15 de Março, no palco do Teatro Constantino Nery, às 21h.

Lançado nas plataformas digitais no passado dia 8 de Março, Fora de Formato será também lançado em CD durante o mês de Abril. Gravado durante a “clausura pandémica” ditada pela covid-19, o disco teve o seu principal impulso no Verão de 2022, nas sessões Ao Vivo na Porta 253 (o vídeo foi publicado no YouTube em 28 de Junho desse mesmo ano), onde canções que já andavam há muito na sua cabeça e acabaram por integrar o álbum, como Polka dot, Vendaval, Brexit lá em casa, Astrofísica e O que achares melhor foram estreadas.

“Gravei muitas coisas sozinho, no início”, diz Nuno Melo ao PÚBLICO. “Aliás, há algumas canções em que toco praticante tudo excepto a bateria. Mas entretanto, na pandemia, acabei o meu estúdio, em casa. E ali fechados, com o estúdio pronto, não tinha mais nada a fazer senão acabar o disco. E nesse aspecto foi óptimo.” O disco foi co-produzido por Edu Mundo, que participa ainda em alguns temas (assegurando bateria, baixo, guitarra e voz), e conta também com músicos como Tomás Marques (baixo), Pedro Pinheiro (cavaquinho), Klênio Barros (trombone), Gonçalo Palmas (piano), Manu Idhra e Romano Rafael (percussões).

A ligação de Nuno Melo à música começou cedo. “Sempre tive bandas em miúdo, desde os 12 anos”, recorda. “Fui fazendo aquele trajecto normal de escola, faculdade, mas entretanto estava com os Mundo Secreto, uma banda de hip hop, tivemos um contrato com a Universal, congelei a faculdade e nunca mais voltei. Fui ficando com mais bandas, mais conhecimento em música, só conhecia músicos e de repente chega a uma altura em que não vale a pena fazer outra coisa senão isto.”

Até que surgiu a oportunidade de se lançar a solo: “Foi a primeira vez que consegui ser eu próprio. E foi isso que achei muito interessante neste disco. Quando me perguntam por outras bandas, prefiro nem dizer, para não enganar as pessoas. Toquei muito reggae durante a minha vida toda, ainda hoje toco (com uma cantora alemã com quem faço tours pela Europa), mas como guitarrista, não a cantar, embora isso não se reflicta neste disco. Estive inclusive numa banda portuguesa de reggae, os Souls of Fire, ainda andei por lá uns anos.”

As canções de Fora de Formato usam como matéria-prima situações do quotidiano, tratadas com ironia, recorrendo a curtas frases retiradas de canções conhecidas (como as brasileiras Águas de Março, em Brexit lá em casa; ou Tarde em Itapuã em Maré). “A ideia é mesmo levar as pessoas às canções”, diz Nuno Melo. “Até dá para dizer, dessa forma, algumas das minhas influências, acho piada fazer esse tipo de coisas.” Há também uma canção sobre a mistura de inglês e português na fala corrente, Língua e ralações internacionais (é mesmo “ralações”, não “relações”), onde ele canta assim: “Será que o end vai ser happy/ Já que o beginning foi sad/ És mad se ficares with me/ Contudo, nem tudo foi bad”. Nuno Melo diz que a escreveu a pensar sobretudo em “alguém que veio viver para Portugal mas nunca aprende a falar português.”

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A capa do disco

O título do disco, Fora de Formato, pretende contrariar, diz o músico, os rótulos ditados pelo mercado: “Faz-me muita confusão essa coisa formatada, os gostos pré-fabricados das pessoas. É a indústria cultural. Por mim, tento, não sei se consigo, ter alguma autenticidade nas coisas que faço, seja pela letra, seja pelo estilo. O Fora de Formato vem daí e também de eu estar num lugar em que nunca estive, como vocalista e líder da banda, e estou a aprender a fazê-lo.”

Com pose e expressão de um cantautor indie, Nuno Melo mostra-se evita falar de influências, como já se disse. Ainda assim, cultive alguma admiração por cantautores: “Tenho pena de não ouvir muita música nacional, mas ouço alguma”, diz. “Nesta altura, estou a gostar bastante dos Retimbrar, uma banda que eu acho interessante. E sou muito influenciado por alguns músicos de expressão espanhola, como o Jorge Drexler [uruguaio] ou a Natalia Lafourcade [mexicana], mas também Devendra Banhart [norte-americano de ascendência venezuelana].”

Ao vivo, Nuno Melo faz-se acompanhar de Edu Mundo (bateria e voz) João Luzia (guitarra), Gonçalo Palmas (teclas), Manu Idhra (percussão) e Miguel Pinto (baixo). “Vou tocar o disco inteiro mais algumas canções originais. Tenho uma colecção grandinha, ainda não gravadas. E vou tocar também canções novas, que já escrevi depois da gravação do disco.”

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