Música de Neil Young vai voltar ao Spotify, depois da polémica envolvendo Joe Rogan

O músico deixara a plataforma devido à partilha de desinformação sobre a pandemia por parte de Rogan no seu podcast, que era exclusivo do Spotify. Presença noutras plataformas leva Young a desistir.

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Neil Young tem 78 anos Joshua Roberts/Reuters
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A música de Neil Young está em vias de regressar ao Spotify. O artista exigira à sua editora, a Warner Music, que retirasse o seu catálogo da plataforma de streaming no início de 2022, devido à manutenção no Spotify do popular podcast The Joe Rogan Experience, um espaço onde, durante a pandemia, o anfitrião Joe Rogan aconselhou jovens saudáveis a não se vacinarem e difundiu desinformação sobre a covid-19, por exemplo ao defender o tratamento de uma infecção com ivermectina (o recurso a este medicamento antiparasitário foi expressamente desaconselhado pela Agência Europeia do Medicamento).

Até ao mês de Fevereiro, The Joe Rogan Experience foi um conteúdo exclusivo do Spotify (Rogan sempre partilhava no YouTube trechos dos diferentes episódios, em que chama convidados para conversar sobre diversos temas, mas nunca os episódios na íntegra). Isso mudou com a recente negociação de um novo contrato, que se estima valer à volta de 250 milhões de dólares (quase 229 milhões de euros) e que permite que o podcast esteja disponível também em outras plataformas, desde o YouTube à Apple Podcasts e Amazon Music, por exemplo.

Isto coloca Neil Young numa posição complicada. “Não posso simplesmente deixar a Apple e a Amazon”, escreveu esta terça-feira no seu site, referindo que, se tomasse essa decisão, a sua música quase desapareceria do streaming. Como o podcast de Joe Rogan já não se encontra confinado ao Spotify, o boicote de Neil Young deixa de fazer sentido, pelo que o artista reintroduzirá o seu trabalho na plataforma — que em tempos, e segundo o próprio, representou 60% do consumo em streaming da sua música.

O autor de discos marcantes da folk como After the Gold Rush (1970) ou Harvest (1972), para citar apenas um par deles, acusou o Spotify de “vender mentiras em troca de dinheiro” quando, há dois anos, obrigou a empresa sueca a fazer uma escolha: ou esta deixava de alojar The Joe Rogan Experience, ou então deixava de poder contar com a música de Neil Young. O confronto teve uma rápida resolução, com o Spotify a optar pelo muito escutado podcast. Solidária com Neil Young e similarmente revoltada com a difusão de “mentiras que ameaçam a vida das pessoas”, Joni Mitchell, outro nome gigante da folk e da música canadiana, também retirou a sua música do Spotify.

Os efeitos foram sentidos pelo Spotify em muito pouco tempo. Em três dias, foi então reportado, a empresa perdeu cerca de 2,1 mil milhões de dólares (cerca de 1,9 mil milhões de euros). Similarmente, as suas acções caíram 6%.

Joe Rogan endereçaria, entretanto, um pedido de desculpas pela sua difusão de informação falsa sobre a pandemia. “Não acerto sempre”, disse, acrescentando que, dali em diante, tentaria “equilibrar as coisas” procurando “especialistas com opiniões diferentes” entre si. Daniel Ek, fundador e CEO do Spotify, seguiu pelo mesmo caminho. “Temos a obrigação de fazer mais para proporcionar equilíbrio e acesso a informações amplamente aceites pelas comunidades médica e científica”, reflectiu.

Foi com acidez e uma “alfinetada” que Young anunciou o seu regresso à plataforma. “O Spotify, onde você recebe menos qualidade do que aquilo que fizemos, vai alojar novamente a minha música”, escreveu, criticando os seus padrões de qualidade sonora.

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