Zeca Medeiros: “Há uma dúvida que não tenho, que é celebrar sempre o 25 de Abril”

Cantautor açoriano apresenta a sua Dúvida Soberana no Sons de Vez, sábado, e dia 19 em Lisboa, no Maria Matos, com Carlos Guerreiro, Filipa Pais, João Afonso e Katia Guerreiro.

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Zeca Medeiros Fernando Resendes
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Num momento em que anda a braços com gravações televisivas que o fazem andar mais por Lisboa, o cantautor, compositor, actor e realizador açoriano José (ou Zeca) Medeiros tem neste mês de Março dois concertos de apresentação de Dúvida Soberana. É o seu mais recente trabalho discográfico, editado em 2021 pela Tradisom, um livro de 120 páginas com CD e DVD onde estão presentes as temáticas recorrentes na sua obra: navegações, mestiçagens, a insularidade, os sobressaltos e surpresas da História, a teatralidade das palavras e a forte influência do cinema.

O primeiro é já este sábado, na Casa das Artes de Arcos de Valdevez (22h), integrado na 22.ª edição do festival Sons de Vez, no mesmo dia dos Albaluna; e o segundo será dia 19 em Lisboa, no Teatro Maria Matos (21h), tendo consigo, além dos músicos Jorge A. Silva (piano), Gil Alves (sopros e percussão) e Rogério Cardoso Pires (guitarra) quatro convidados, como ele diz agora ao PÚBLICO: “Vou ter o privilégio de ter, além dos músicos fantásticos que costumam tocar comigo, convidados muitos especiais, por quem tenho grande estima e admiração: o Carlos Guerreiro, dos Gaiteiros de Lisboa e agora dos Cara de Espelho, um velho compagnon de route; o João Afonso; a Filipa Pais, que tem participado sempre nos nossos concertos; e a Katia Guerreiro, que também tem um ADN mais ou menos açoriano. Estão todos presentes no Dúvida Soberana, no CD ou no DVD.”

Na capital, Zeca Medeiros tem andado envolvido nas gravações de telenovela Senhora do Mar, que se estreou no dia 5 de Fevereiro na SIC, onde interpreta a personagem de Abel Silva, um antigo baleeiro. Um trabalho “duro”, a que está há muitos anos habituado, não fosse ele o criador de séries televisivas ou telefilmes como Mau Tempo no Canal, Xailes Negros ou Gente Feliz com Lágrimas, além de integrar, como actor, várias outras. Outros palcos, que não os do canto.

Nestes últimos, e falando agora dos concertos em Arcos de Valdez e Lisboa, Zeca Medeiros diz que o primeiro será mais conciso, devendo durar cerca de uma hora. Já o segundo poderá durar hora e meia a duas horas, com um repertório variado: “O alinhamento do concerto não será só assente no Dúvida Soberana, embora acabe por ser, porque o disco traz um DVD com algumas canções inéditas e outras mais antigas que decidimos reavivar. E vamos cantar algumas delas.”

O título do disco, que é também o do concerto, nasceu de um cruzamento de palavras e conceitos, explica o cantautor: “A Dúvida Soberana começou por uma espécie de aliteração, entre a dívida e a dúvida, aquelas coisas. E eu estou numa altura da minha vida em que tenho mais dúvidas do que certezas. Mas há uma dúvida que não tenho, que é celebrar sempre o 25 de Abril.”

Neste momento, a par das gravações da telenovela e destas apresentações públicas, Zeca Medeiros está a trabalhar na criação de um filme: “Estou a desenvolver um projecto, de orçamento muito modesto, de um filme musical, com canções inéditas que escrevi a partir de uma história que esbocei com o meu filho David Medeiros, que está na área da televisão, com a participação sobretudo de músicos e cantores residentes nos Açores, com excepção da Filipa Pais.”

Na verdade, não tem parado de compor, nestes anos. “Escrevi uma série de canções quando estive doente, por altura da pandemia… De resto, tenho tido pouco tempo para compor, mas estou cheio de rabiscos e ideias para quando tiver tempo. No entanto, olho para trás e vejo que já escrevi muitas canções, algumas completamente esquecidas. E eu gostava de fazer um projecto de reavivar algumas delas – em CD, se ainda formos a tempo de fazer sentido editar CD. Mas, para citar o título de um álbum do Zeca Afonso, enquanto houver força e energia, a música está sempre comigo.”

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