Pedro Nuno recusa “tácticas” e não forçará solução à esquerda. “O PS será oposição”

Com um resultado “à tangente”, líder do PS recusa recorrer à “táctica política” e não tentará geringonça. O seu trabalho será não dar espaço de oposição ao Chega e recuperar eleitores descontentes.

dro daniel rocha 10 março  2024  noite eleitoral PS pedro nuno santos
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Noite eleitoral do PS Daniel Rocha
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Pedro Nuno Santos durante o discurso em que assumiu a derrota Daniel Rocha
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Pedro Nuno subscreveu as críticas de Carlos César à intervenção do Presidente da República Daniel Rocha
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O director de campanha, João Torres, à direita de Pedro Nuno, foi o primeiro a assumir a derrota do PS Daniel Rocha
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Noite eleitoral do PS Daniel Rocha
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Está fora de questão qualquer "táctica política" para chegar ao poder, e "o Partido Socialista será oposição", ainda que, numa situação com muita sorte e depois de apurados os mandatos da emigração, os socialistas possam acabar por ter mais deputados que a Aliança Democrática. A garantia foi dada por Pedro Nuno Santos no seu discurso de uma derrota eleitoral que admitiu, mas que será "tangencial", com um nível de deputados pouco acima do governo minoritário de Sócrates.

O líder do PS garante que consigo não haverá truques de "táctica política": "Qualquer solução dessas [uma geringonça à esquerda] teria um chumbo de toda a direita. "Deixemos a táctica de fora: nós não temos uma maioria."

"Seremos oposição, renovaremos o partido e procuraremos recuperar os portugueses descontentes com o PS. Essa é a nossa tarefa", definiu o líder socialista como o seu caderno de encargos. "O Chega teve um resultado muito expressivo que não dá para ignorar", admite. "Não há 18% de portugueses votantes racistas e xenófobos, mas há muitos portugueses zangados." Pedro Nuno quer recuperar a sua confiança e "mostrar-lhes que a solução para os problemas concretos passam pelo PS e não pelo Chega e pela AD".

Pedro Nuno voltou a garantir que não irá obstaculizar uma solução de governo minoritário da coligação de direita e colocou como objectivo "nunca deixar a liderança da oposição para o Chega ou para André Ventura". "A AD que não conte com o PS para governar (...) Não é a nós que têm que pedir para suportar uma Governo [da AD]", apontou, recusando pressões.

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Costa retira ónus de Pedro Nuno

António Costa, que avisara que só iria ao hotel Altis se o PS perdesse as eleições para não tirar palco a Pedro Nuno no caso de vitória, passou pelo quartel-general socialista durante apenas 45 minutos, um terço do tempo a falar aos jornalistas. Procurou passar uma mensagem de calma e de desdramatização: foi o primeiro a admitir que o resultado final poderia ser conhecido apenas depois do escrutínio dos votos da emigração, que valem quatro deputados, no dia 20.

"Neste momento, não sabemos se é empate ou derrota", dizia, pelas 23h. E rematou com um conforto ao novo líder, depois de afirmar que muitos dos que votaram em si e no seu programa em 2022 não optaram agora pelo PS: "Nenhum secretário-geral do PS que entrasse em funções naquela circunstância tinha a obrigação de ganhar as eleições."

Na sala da cave, os apoiantes começaram com aplausos moribundos às projecções das 20h que colocavam, todas, a AD na frente, e foram-se animando com o passar do tempo. Porém, sem festa nem bandeiras nem cânticos de incentivo.

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Tal como fizera Fernando Medina pouco antes, o ainda primeiro-ministro sumarizou: "O PS teve obviamente uma descida muito significativa da sua prestação (...) A AD manteve-se na mesma ordem de grandeza e há indiscutivelmente uma subida fortíssima do Chega." Por isso, é "fundamental" perceber o que há de estrutural e de mudança de fundo na sociedade, ou de voto de protesto" numa eleição atípica onde a questão judicial foi "o caldo para o populismo".

Se Costa recusou falar sobre a intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa no último dia de campanha - "não comento nem as palavras, nem os passeios, nem os silêncios, nem as fontes de Belém que o próprio já disse que é ele", já Pedro Nuno concordou com as críticas de Carlos César.

Mas a assunção da derrota começara a desenhar-se no discurso socialista logo às 20h30, quando o director de campanha, João Torres, foi à sala falar sobre as projecções e admitiu que "o PS tem obrigação, isso sim, de liderar a oposição".

Já Fernando Medina apontou para um "quadro de grande fragilidade e instabilidade" e também de "complexidade à direita". O sistema "fica dependente de uma força política com grande peso, de extrema-direita (...) que não tem capacidade de resolver os problemas mas vem influenciar a agenda da direita moderada [o PSD]." E sobre orçamentos, não tem dúvidas: "Uma das piores coisas era um bloco central formal ou informal."

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O histórico Manuel Alegre também admitiu que não haveria uma maioria à esquerda suficiente para reeditar 2015 e defendeu que o PS deve "preparar-se para liderar a oposição e para criar uma alternativa para as próximas eleições". A derrota, vincou, como sublinhara Medina, "é do PS, não é de Pedro Nuno Santos", mas foi um resultado "honroso", disse o histórico socialista, retirando a carga dos ombros do novo secretário-geral. Embora veja "com tristeza o resultado do Chega", considera que foi a "vontade dos eleitores. Temos que respeitar."

E João Gomes Cravinho até previu um novo calendário eleitoral para daqui a seis meses - que poderão ser nove, com a recusa do primeiro orçamento.

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