Autarcas querem solução para a ligação entre Porto e Viana, mas resposta depende de terceiros

Preço da viagem expresso pela A28 duplicou este ano e alternativa passa por criação de nova linha inter-regional pela comunidade intermunicipal e área metropolitana. Utentes pedem medidas imediatas.

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“Nós já estamos a apoiar, não estamos é a apoiar com a percentagem que eles acham que é justa", diz o autarca de Viana do Castelo. Fabio Augusto
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Os autarcas de Porto e Viana do Castelo encontraram-se para discutir uma possível solução para a ligação rodoviária entre as duas cidades pela A28. O custo mensal das viagens passou de 88 euros em 2023 para 176 euros este ano, mas tanto o presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, como o seu homólogo mais a norte, Luís Nobre, dizem não ter competências para agir directamente.

No entanto, no final de uma reunião que decorreu na manhã desta segunda-feira, na CMP, os autarcas disseram aos jornalistas que vão lançar a discussão sobre o assunto na Área Metropolitana do Porto e na Comunidade Intermunicipal do Alto Minho. O objectivo é criar um serviço inter-regional que faça a ligação rodoviária a preços mais comportáveis para os utilizadores.

Os autarcas notaram que, como se trata de um serviço expresso, a actuação dos municípios está limitada. No caso da criação de uma linha inter-regional, a competência cabe à AMP e à CIM do Alto Minho, referiram. “Isto não quer dizer depois que as câmaras não sejam chamadas a pagar o défice”, anotou Rui Moreira, já antevendo a dificuldade que seria a questão financeira na AMP.

Os custos seriam repartidos entre Porto e Viana do Castelo, mas os responsáveis ainda não têm uma estimativa do montante necessário. Esta seria uma solução semelhante à que foi encontrada para Braga, com a CIM do Cávado. Moreira referiu que, nesse caso, no mês de Janeiro, não foi registado qualquer défice, pelo que a autarquia não teve de abrir os cordões à bolsa.

Havendo uma ligação entre Viana do Castelo e Porto a um preço inferior, apontou Rui Moreira, é previsível que os privados também adeqúem o valor que cobram. “Pode ter um efeito indutor”, afirmou.

Em Dezembro, os utentes chegaram a enviar uma carta ao Presidente da República notando que o aumento de preços ficava a dever-se à redução percentual no apoio que a autarquia de Viana do Castelo dava aos utilizadores deste serviço expresso, que tem também paragem em Esposende.

Sobre as reivindicações dos utentes, Luís Nobre justifica-se com a falta de competências da autarquia na matéria e diz que “houve um canal de diálogo”. Apesar disso, os utilizadores do serviço insistem. O autarca responde: “Nós já estamos a apoiar, não estamos é a apoiar com a percentagem que eles acham que é justa. Mas isso faz parte da vida”.

O PÚBLICO questionou a CIM do Alto Minho e a AMP, para perceber se a criação de um novo serviço já foi discutida, mas não obteve qualquer resposta.

Solução insuficiente

Para os utentes, a solução não dá resposta imediata ao problema que enfrentam desde Janeiro deste ano, quando o valor que pagam diariamente disparou. Como é um serviço expresso, não há qualquer passe disponível, embora o tenham vindo a reivindicar desde 2019, por uma questão de justiça territorial, explica o membro da Comissão de Utentes de Transportes Públicos do Alto Minho Tiago Bonito, ao PÚBLICO.

A criação de uma linha inter-regional que ligue Viana do Castelo ao Porto pode ser uma solução mas, até que tal aconteça, quem utilizar o autocarro terá de continuar a pagar 176 euros, lamenta.

Lembra ainda que não há alternativas compatíveis com os horários laborais. E exemplifica com o serviço ferroviário: quem quiser estar no Porto, em Campanhã, às 8h10, tem de sair às 6h de Viana do Castelo. O custo mensal rondaria 180 euros, diz. Há ainda outra operadora de serviço rodoviário, mas os preços variam consoante o dia, horário e a antecedência com que se adquire o bilhete.

O autocarro tem no Pólo Universitário da Asprela, no Porto, o seu destino. Isto significa que, para vários trabalhadores que têm de fazer ali o transbordo para o metro ou para os autocarros da cidade, soma-se ainda o custo da aquisição do Andante.

A autarquia de Viana do Castelo já mencionou que há cerca de 18 pessoas a utilizar serviço rodoviário, mas Tiago Bonito estima que, neste momento, sejam ainda menos. Com o aumento dos preços, as pessoas começaram a organizar-se e a partilhar boleias. Há também estudantes que fazem menos viagens para poupar, menciona.

Isto significa um acréscimo de ainda mais carros a tentar entrar no Porto, contribuindo para o trânsito caótico que verifica na área metropolitana e na cidade. Tiago Bonito acredita que a maior atractividade do transporte público pode devolver utilizadores ao serviço, mas também ajudar a captar novos passageiros.

Para já, terão de esperar pelas respostas da CIM do Alto Minho e da Área Metropolitana do Porto.

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