Durante um voo da Batik Air, os dois pilotos do aparelho adormeceram. E estiveram a dormir ao mesmo tempo durante cerca de 28 minutos, concluiu um relatório. O avião, que transportava 153 passageiros e mais quatro membros da tripulação, tinha saído da ilha de Sulawesi e dirigia-se para Jacarta no dia 25 de Janeiro, um voo de 2h35m.
O relatório não identificava os pilotos, descrevendo apenas o piloto comandante como um indonésio de 32 anos e o segundo piloto como um indonésio de 28 anos. Ambos tinham sido considerados aptos para voar, tendo passado nos controlos de saúde e apresentado resultados negativos nos testes de álcool, segundo o relatório.
Quando o voo atingiu uma altitude de cruzeiro de 36.000 pés, cerca de 30 minutos após a partida, o piloto em comando pediu autorização ao adjunto para descansar, o que lhe foi concedido. Adormeceu e acordou pouco menos de uma hora depois.
O piloto comandante perguntou então ao seu companheiro de cabina se queria dormir, mas este recusou, de acordo com o relatório, pelo que o primeiro piloto continuou a dormir enquanto o adjunto permaneceu no controlo da aeronave.
Depois de estabelecer contacto com o centro de controlo de área de Jacarta, o segundo piloto “adormeceu inadvertidamente”, diz o relatório, referindo que, mais tarde, quando o centro de controlo tentou contactar os pilotos, não obteve resposta.
“O centro de controlo de Jacarta fez várias tentativas de contacto com o BTK6723, incluindo pedir a outros pilotos que ligassem para o BTK6723”, refere o relatório. “Nenhuma das chamadas foi atendida pelos pilotos do BTK6723.”
Vinte e oito minutos após a última transmissão registada do segundo piloto, o primeiro piloto acordou “e apercebeu-se de que o avião não estava na trajectória correcta”, refere o relatório. O piloto colocou o voo de volta na rota correcta e o avião aterrou em Jacarta, segundo o relatório.
Os passageiros e funcionários a bordo não foram afectados nem houve danos no avião, afirma-se no documento, de acordo com o qual o segundo piloto tinha tomado conta dos seus gémeos de um mês em casa, estava com dificuldades em dormir e tinha mudado de residência no dia anterior ao voo.
O Ministério dos Transportes “repreende fortemente” a Batik Air pelo incidente, disse a directora da aviação civil da Indonésia, Maria Kristi Endah Murni, segundo a France-Presse. “Iremos proceder a uma investigação e revisão da operação de voos nocturnos na Indonésia relacionada com a gestão do risco de fadiga para a Batik Air e todos os operadores de voo”, afirmou, num comunicado.
A AFP informou, citando um comunicado da Batik Air, que os dois pilotos tinham sido “temporariamente suspensos”. A Batik Air não respondeu a um pedido de comentário feito no domingo.
Em todo o mundo, o sector dos transportes aéreos debate-se há muito com a questão da fadiga do pessoal, nomeadamente dos pilotos e dos tripulantes de cabina.
Um inquérito realizado em Julho a 6893 pilotos na Europa por uma empresa de consultoria em segurança aérea para a European Cockpit Association revelou que três em cada quatro pilotos adormeceram enquanto pilotavam um avião no mês anterior ao inquérito.
Em 2022, o director-geral da Wizz Air foi alvo de reacções negativas por parte dos sindicatos e dos representantes dos pilotos, depois de ter apelado aos funcionários fatigados para que “trabalhassem mais“, devido à escassez de pessoal, noticiou a Sky News.
Em Agosto, o The Washington Post noticiou que as autoridades federais dos EUA investigaram quase 5000 pilotos suspeitos de falsificarem os seus registos médicos para esconderem que estavam a receber tratamento por transtornos mentais ou outras doenças graves que poderiam classificá-los como incapazes de voar.