PSD firme na recusa ao Chega. “Não acredito” nessa solução, diz Ângelo Correia

Aliança Democrática ignora declarações de André Ventura e não deixa entrar na campanha o tema de um entendimento pós-eleitoral com o partido de direita radical populista.

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Luís Montenegro em Viana do Castelo Nelson Garrido
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O tema não constava da campanha para as legislativas, mas André Ventura empenhou-se em introduzi-lo nos últimos dias, afirmando que há "forças vivas" do PSD, notáveis do partido que são favoráveis a um entendimento pós-eleitoral com o Chega, apesar de Luís Montenegro já ter dito várias vezes que só governará se ganhar as eleições do próximo domingo.

O tema está completamente fora da campanha da Aliança Democrática e as declarações de André Ventura não são mais do que uma "tentativa de sobrevivência política: votem em nós porque vamos ser governo", afirmou ao PÚBLICO um dirigente do PSD, acrescentando que, com a campanha bipolarizada, o líder do Chega usa este tipo de "atoardas".

Em entrevista à RTP, na segunda-feira à noite, André Ventura disse existirem sociais-democratas, como Passos Coelho, que são favoráveis a acordos pós-eleitorais com o Chega e que Montenegro não compreende essa visão. Dos sociais-democratas com quem André Ventura referiu falar regularmente sobre o futuro político da direita – Ângelo Correia, Miguel Relvas e Rui Gomes da Silva -, apenas este último confirmou falar com o líder do Chega, assumindo que discorda da estratégia de Montenegro de colocar uma linha vermelha ao Chega.

Questionado pelo PÚBLICO sobre as declarações de Ventura, Ângelo Correia, que foi ministro da Administração Interna no Governo chefiado por Francisco Pinto Balsemão, disse apenas: “A última vez que falei com ele foi em 2009, na campanha eleitoral de Sintra para a assembleia municipal e para a câmara municipal. Nunca mais.” E acrescenta: “Na televisão nunca defendi o governo do PSD com o Chega e não o podia dizer porque não acredito [nessa solução]”, disse o antigo ministro da Administração Interna.

Em declarações ao Diário de Notícias, Rui Gomes da Silva considerou evidente o apelo de Passos Coelho, no final da intervenção no comício de Faro da Aliança Democrática, ao seu antigo líder parlamentar para repensar o “cordão sanitário”, a bem da estabilidade governativa. “Com a distância e a elegância que um ex-primeiro-ministro tem de ter, Passos Coelho disse que seria um desperdício ganhar as eleições e excluir não sei se 15% ou 22% do eleitorado português”, defendeu o social-democrata.

Os jornalistas que acompanham a campanha da AD quiseram saber como é que o líder da Aliança Democrática reagia às declarações de Ventura, mas Luís Montenegro desvalorizou-as por completo. "Vejo potenciais eleitores do PS e do Chega que estão a ingressar na AD porque vêem que é aqui que temos soluções para resolver os problemas das pessoas", afirmou na terça-feira.

Questionado sobre os sociais-democratas que parecem esperar a derrota da AD e o fim da actual liderança, Montenegro chamou a si o papel de responsável. "Olho para estes factos, notícias, e digo a mim próprio: 'Tens de ter ainda mais capacidade de resposta e mais sentido de responsabilidade que estes agentes políticos não dão". E rematou: "Não participo no recreio."

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