Montenegro brinda à vitória “sem triunfalismos antecipados”

Na ida ao distrito de Aveiro, o líder da Aliança Democrática desvalorizou as declarações de André Ventura sobre acordos pós-eleitorais com o Chega e ganhou o voto de pelo menos uma eleitora.

neg -  05 março 2024 - campanha da ad em caldas da rainha - montenegro e nuno melo e paulo portas -  distrito de leiria
Fotogaleria
Jantar-comício da AD em Caldas da Rainha juntou Paulo Portas a Luís Montenegro e a Nuno Melo Nelson Garrido
neg -  05 março 2024 - campanha da ad em alcobaça - montenegro e nuno melo -  distrito de leiria
Fotogaleria
Alcobaça Nelson Garrido
neg -  05 março 2024 - campanha da ad em alcobaça - montenegro e nuno melo -  distrito de leiria
Fotogaleria
Alcobaça Nelson Garrido
neg -  05 março 2024 - campanha da ad em alcobaça - montenegro e nuno melo -  distrito de leiria
Fotogaleria
Alcobaça Nelson Garrido
neg -  05 março 2024 - campanha da ad em alcobaça - montenegro e nuno melo -  distrito de leiria
Fotogaleria
Alcobaça Nelson Garrido
Ouça este artigo
00:00
05:10

Mais de uma hora antes da hora prevista da arruada, alguns elementos da caravana da Aliança Democrática (AD) chegam às ruas do centro de Alcobaça. É preciso perceber o ambiente, que era tranquilo, e precisar melhor qual o ponto de encontro para os apoiantes que vão seguir o candidato. Espera-se pelas indicações de dirigentes locais, que conhecem melhor as ruas e os comerciantes. Afinal, o ajuntamento dos apoiantes será fixado cem metros mais acima. E o final fica marcado para uma pastelaria onde a proprietária mostrou simpatia por receber a comitiva. A cautela no terreno é idêntica à prudência no discurso. “Nada de triunfalismos antecipados”, sugere Luís Montenegro aos apoiantes enquanto prova um doce conventual na pastelaria e bebe um café.

Ao seu lado, Nuno Melo prefere recusar as calorias, mas a proprietária lamenta que o líder do CDS venha a Alcobaça com restrições alimentares. “Venho cá no dia 10 festejar sem dieta”, respondeu Nuno Melo, depois de não ter conseguido recusar metade de uma cornucópia (doce tradicional local), dada pelo parceiro que lidera a coligação.

Depois de cumprimentar alguns lojistas, Montenegro despede-se do grupo de apoiantes que o acompanhou com uma mensagem de mobilização. “Peço que nenhum de nós facilite até ao último segundo”, disse, depois de considerar que a campanha está numa “boa onda, uma onda de entusiasmo”, que está “a cada dia mais forte”.

O próprio líder da AD tem apostado na conquista voto a voto e neste concelho do distrito de Leiria ganhou, pelo menos, uma eleitora. “Estou muito emocionada, tô passando mal”, dizia Marília, imigrante, muito comovida, depois de Montenegro lhe ter oferecido uma flor – gerberas cor-de-laranja – e posado para a fotografia à porta do salão de cabeleireiro.

“Gostei porque ele é muito bonito, muito educado, e ele deu-me um beijinho e uma flor. Vou votar nele”, disse aos jornalistas, apesar de não saber qual o partido que Montenegro lidera: “Alguém vai dizer-me porque vou votar nele.” Minutos depois ainda quis voltar a falar com o candidato “muito lindo”, mas Montenegro já seguia rua fora.

Fora do recreio

Mais à frente, numa loja de produtos tradicionais, ao erguer um copo de ginjinha, Montenegro brindou à “vitória”, mas resistiu a dá-la como garantida. Pelo menos para já. Até porque há imprevistos na política.

Foi o que aconteceu com as declarações do líder do Chega, que em entrevista à RTP, na segunda-feira à noite, disse existirem sociais-democratas, como Passos Coelho, que são favoráveis a acordos pós-eleitorais com o Chega e que Montenegro não compreende essa visão. Dos sociais-democratas com quem André Ventura referiu falar regularmente sobre o futuro político da direita – Ângelo Correia, Miguel Relvas e Rui Gomes da Silva, só este último confirmou, assumindo que discorda da estratégia de Montenegro de colocar uma linha vermelha ao Chega.

Numa arruada em Aveiro, o líder da AD desvalorizou. "Vejo potenciais eleitores do PS e do Chega que estão a ingressar na AD porque vêem que é aqui que temos soluções para resolver os problemas das pessoas", afirmou. Questionado pelos jornalistas sobre os sociais-democratas que esperam a derrota da AD e o fim da actual liderança, Montenegro chamou a si o papel de responsável. "Olho para estes factos, notícias, e digo a mim próprio: 'Tens de ter ainda mais capacidade de resposta e mais sentido de responsabilidade que estes agentes políticos não dão". E rematou: "Não participo no recreio."

Luís Montenegro em Aveiro Nelson Garrido
Luís Montenegro em Aveiro Nelson Garrido
Aveiro Nelson Garrido?
Fotogaleria
Luís Montenegro em Aveiro Nelson Garrido

Montenegro optou, assim, por não ripostar para dentro do seu próprio partido. Na comitiva, houve quem visse mais uma oportunidade para passar uma mensagem de moderação e de um candidato que não liga a “tricas”. Ao seu lado, durante toda a arruada, esteve o presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, que tem assumido algumas discordâncias de Montenegro. Mas fez o seu papel de anfitrião.

Na avenida principal de Aveiro, Montenegro foi abordado por funcionários do tribunal de trabalho de Aveiro que estão em protesto e prometeu a valorização das carreiras na Administração Pública, caso ganhe as eleições. Em Águeda, noutro contacto com a população (esta terça-feira foram três momentos), o líder da AD foi confrontado por um ambientalista que acusou a coligação de, no seu programa, estimular o aumento da área do eucalipto, o que Montenegro negou.

Se Passos Coelho esteve na campanha ao vivo e esta terça-feira se tornou uma sombra por causa das palavras de Ventura, o outro líder da coligação PSD/CDS, Paulo Portas, foi o convidado desta terça-feira num jantar-comício em Caldas da Rainha. Na mesa VIP, o antigo vice-primeiro-ministro juntou algumas das figuras mais proeminentes da sua liderança no CDS: António Pires de Lima (que se desfiliou em 2021), Telmo Correia, Álvaro Castelo Branco, Nuno Magalhães, João Almeida e António Carlos Monteiro.

No discurso, Paulo Portas atacou os resultados da governação socialista – usando a palavra “crise” na saúde, educação, habitação –, lembrou que António Costa apontou vários sucessores, mas não Pedro Nuno Santos, e criticou a aliança entre “socialistas e extremistas”.

Paulo Portas Nelson Garrido
Paulo Portas Nelson Garrido
Jantar comicío Nelson Garrido
Caldas da Rainha Nelson Garrido
Fotogaleria
Paulo Portas Nelson Garrido

Aplicando a frase “o que tem de ser tem muita força”, o antigo líder do CDS não deu as eleições como ganhas no domingo, mas salientou a importância de “manda” o PS para a oposição. “O que tem de ser é a AD chegar em primeiro lugar, o que tem muita força é a AD ter estabilidade e previsibilidade”, disse.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários