PCTP-MRPP quer reforçar-se e “denunciar farsas” do capitalismo

O PCTP-MRPP é contra a União Europeia, o euro e o pagamento da dívida externa. O partido não disponibilizou o seu programa eleitoral no site.

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Cidália Guerreiro é secretária-geral do PCTP-MRPP LUSA/André Kosters
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O PCTP-MRPP concorre às eleições legislativas para se reforçar politicamente e "denunciar as farsas do sistema capitalista", mantendo uma posição eurocéptica e de oposição a um envolvimento na guerra da Ucrânia.

O partido, fundado em 1970 por Arnaldo Matos, irá concorrer às eleições legislativas antecipadas de 10 Março nos círculos eleitorais de Lisboa, Setúbal, Aveiro, Braga, Porto, Castelo Branco, Beja, Portalegre e Fora da Europa. Em entrevista à agência Lusa, a secretária-geral do PCTP-MRPP, Cidália Guerreiro, afirmou que não é dirigente de "um partido eleitoralista", reconhecendo que "muito dificilmente" irá conseguir eleger "um conjunto de deputados" para a Assembleia da República.

"Concorremos a estas eleições para o reforço do partido e para denunciar aquilo que consideramos ser uma farsa. Por outro lado, dizer que há medidas que, mesmo neste sistema, podem perfeitamente ser concretizadas para a melhoria das condições da população", sublinhou.

A Saúde é uma das áreas que preocupa Cidália Guerreiro, para quem é necessário "canalizar mais dinheiro" para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que se encontra "totalmente destruído", e "pagar melhores salários aos profissionais".

"Se o dinheiro for canalizado para melhorar a saúde, resolvendo os problemas, inclusivamente dos profissionais de saúde, médicos e enfermeiros; se for canalizado para os hospitais, não teremos hospitais a encerrar", sustentou.

A área da habitação também mereceu críticas da dirigente do PCTP-MRPP, que defendeu um aumento do parque público habitacional. "Este ano as rendas foram aumentadas em 6%, o valor mais alto. Portanto, isto é, no fundo, o que as pessoas têm na sua vida. Nós olhamos para o nosso lado e vemos nascer condomínios [de luxo] de um dia para o outro. Não precisam de três anos. Porque é que a habitação social precisa?", questionou.

Já na educação, Cidália Guerreiro disse que a primeira medida que o partido tomaria, se vencesse as eleições, seria "alterar o modelo de gestão das escolas", uma vez que "está centrado num director".

"A primeira medida que tomaríamos era exactamente alterar o modelo de gestão das escolas, centrado num director que mais não é do que o braço do Ministério da Educação e que, muitas vezes, nem tem nada a ver com os professores", apontou.

Contra a UE e contra o apoio da Europa à Ucrânia

Questionada sobre alguns dos posicionamentos mais polémicos do partido, como por exemplo em relação ao conflito que envolve a Rússia e a Ucrânia, a secretária geral do PCTPP-MRPP respondeu que se trata de uma "guerra civil".

"Começou por ser, efectivamente, uma guerra civil porque o sul da Ucrânia, o Donbass, estava em guerra. Estava ocupada pelas forças do exército Azov. A Ucrânia foi transformada num cenário de batalha, numa guerra "inter-imperialista" entre interesses americanos e russos", apontou.

Tendo por base este raciocínio, Cidália Guerreiro considerou que a Europa não deve ter "qualquer interferência nesta guerra", e acusou os Estados Unidos de fomentarem o conflito.

"Os Estados Unidos, que tiveram interesse em criar uma guerra num campo que não é o deles, mas trouxeram-na para ali para tentar enfraquecer um outro imperialismo, que é a Rússia, o que pelos vistos não conseguiram", observou.

Relativamente a outras questões, a líder do PCTP-MRPP sublinhou que o partido "continua a ser contra a União Europeia, o Euro e o pagamento da dívida". "Continuamos a dizer que é impagável [a dívida] e que deveria ser recusada, porque ela não beneficiou os portugueses de forma nenhuma. Portanto, não temos de a pagar com dinheiros públicos", defendeu.