“Terroristas em part-time”: quem são os trabalhadores da restauração nos vídeos que estão a enjoar os japoneses?

Vídeos mostram trabalhadores a esfregarem alimentos no chão antes de os cozinharem, num país que exige elevados padrões de higiene ao sector da restauração.

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Funcionário da Domino's Pizza no Japão publicou o vídeo no dia 12 de Fevereiro DR/Twitter
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Os vídeos, virais no Japão, são muito pouco higiénicos, incluem comida vendida em restaurantes ou lojas de conveniência e são cada vez mais partilhados nas redes sociais.

A tendência dá pelo nome de baito tero, junção entre a palavra arubaito (trabalho, em tradução livre), e tero, abreviatura de terrorismo. Nas redes sociais, os trabalhadores que se filmam a prejudicar a imagem do restaurante onde trabalham são conhecidos como "terroristas em part-time".

Responsáveis por confeccionar refeições, filmam-se a esfregar alimentos no chão antes de os cozinharem ou a porem o dedo no nariz quando estão a mexer em massa da pizza, como terá ocorrido num dos restaurantes da Domino’s Pizza.

O vídeo, publicado no fórum japonês Bakusai, a 12 de Fevereiro, e partilhado no X (antigo Twitter), mostra o trabalhador de farda e luvas a esticar a massa e a conversar com o colega que o está a filmar. Quando a câmara se aproxima, o jovem parece pôr o dedo numa das narinas e levar novamente as mãos à massa da pizza, ainda crua.

O funcionário em questão trabalha na pizzaria da Domino’s na cidade de Amagasaki, na província de Hyogo. O vídeo de 14 segundos tornou-se viral duas horas depois de ter sido publicado e obrigou a Domino’s Pizza a pedir desculpas publicamente pelo que considerou ser uma “conduta inadequada” do trabalhador. Não se sabe se o jovem continua empregado.

Num comunicado divulgado a 14 de Fevereiro, a empresa acrescentou ainda que o vídeo foi publicado depois do horário de funcionamento da pizzaria e garantiu que a massa não foi utilizada para fazer nenhuma pizza, escreve o jornal japonês Mainichi Shimbun. Segundo o Guardian, todas as massas da Domino’s em Amagasaki foram deitadas fora.

“Gostaríamos de expressar as nossas mais profundas desculpas aos nossos clientes por qualquer desconforto e inconveniente causado. A partir de agora, a empresa fará tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar que a situação se repita e para restaurar a confiança”, afirmou, citada pelo diário britânico. Em cima da mesa está uma possível acção legal contra os dois funcionários responsáveis pelo vídeo, revela o Mainichi Shimbun.

Esta não é a primeira vez que os trabalhadores provocam publicamente as cadeias alimentares. Em resposta, algumas empresas avançaram com processos por danos e outras recorreram à lei para que os funcionários fossem detidos e obrigados a pagar uma multa até três mil euros ou a cumprir pena de três anos de prisão por obstrução forçada de negócios.

A nova tendência junta-se assim ao sushi tero ("terrorismo do sushi"), que ficou conhecido no ano passado por mostrar vídeos de clientes a brincar com a comida em estabelecimentos com preços mais económicos. Um deles mostra um rapaz a comer chá verde em pó para depois o cuspir para cima da mesa.

Em consequência, algumas seguradoras japonesas estão a apostar na venda de seguros para cobrir despesas que as empresas tenham com ataques à reputação, por exemplo, se forem denegridas nas redes sociais ou se os alimentos e bebidas que vendem forem contaminados. Segundo o jornal japonês, a oferta está no mercado há alguns anos e a apólice dá direito a aconselhamento jurídico e remoção dos conteúdos online.

Uma das seguradoras ouvidas pela mesma fonte, que oferece o serviço desde Abril de 2019, afirmou que o número de interessados aumentou 20% em Dezembro de 2023 comparado ao período homólogo e outra, que disponibiliza o mesmo tipo de seguro desde Julho de 2020, garantiu ter cerca de 20 mil clientes até ao final do ano passado.

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