Julgamento de Alec Baldwin marcado para Julho

Hutchins morreu quando o revólver Colt. 45 com que Baldwin ensaiava dentro de uma igreja nos arredores de Santa Fé, disparou um tiro que também feriu o realizador Joel Souza.

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O actor é também produtor e argumentista do filme "Rust" Reuters/MIKE BLAKE/Arquivo
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O julgamento do actor Alec Baldwin, por homicídio involuntário devido ao disparo fatal contra a cineasta Halyna Hutchins, durante as filmagens do filme Rust, em 2021, está marcado para 10 de Julho, decidiu na segunda-feira um juiz do Novo México.

Se o caso de Baldwin chegar a julgamento — o actor, que disparou a arma contra a directora de fotografia, tem insistido na sua inocência —, será um marco, uma vez que Hollywood tem poucos precedentes em que um actor seja responsabilizado criminalmente por um tiroteio no local de filmagens. As acusações contra Baldwin já foram retiradas uma vez, em Abril passado.

Hutchins morreu quando o revólver Colt. 45 com que Baldwin ensaiava dentro de uma igreja nos arredores de Santa Fé, disparou um tiro que também feriu o realizador Joel Souza.

A armeira de Rust, Hannah Gutierrez, está a ser julgada por alegadamente ter levado a bala verdadeira para o cenário e não a ter detectado devido ao que os procuradores disseram ser o seu trabalho, e tendo-o classificado como "desleixado e pouco profissional". Gutierrez disse à polícia que carregou a arma de Baldwin, confundindo a bala real com uma falsa.

Tal como Baldwin, Gutierrez enfrenta uma acusação de homicídio involuntário. Os seus advogados afirmam que a armeira está a ser usada como "bode expiatório" pelo facto de o actor não ter seguido as regras de segurança das armas de fogo e por uma produção caótica e de baixo orçamento, em que as directrizes de segurança foram ignoradas para poupar tempo.

Na segunda-feira, no julgamento da armeira, Ross Addiego, membro da equipa de filmagens de Rust, chorou ao contar aos jurados "a concussão, os ouvidos a zumbir, aquele momento de pânico" quando a arma de Baldwin disparou e a primeira pessoa com quem estabeleceu contacto visual foi Hutchins, deitada no chão a gemer.

"A Sr.ª Gutierrez Reed carregou uma arma de fogo que matou a minha amiga", declarou Addiego, acrescentando que Gutierrez, o primeiro assistente de realização Dave Halls e Baldwin não cumpriam as verificações de segurança das armas de fogo para tentar atingir os objectivos diários de produção.

No ano passado, Dave Halls fez um acordo e foi condenado por uso negligente de uma arma mortal.

O advogado de Gutierrez, Jason Bowles, perguntou a Addiego se alguém pediu a Baldwin, que também era produtor e argumentista de Rust, para abrandar as filmagens depois de terem ocorrido duas descargas acidentais de armas de fogo e de a equipa de filmagens ter abandonado o cenário por causa das condições de segurança e de trabalho. "Não me lembro de alguém ter enfrentado o Sr. Baldwin naquele cenário", respondeu Addiego.

Baldwin negou a responsabilidade pela morte de Hutchins. Os seus advogados tencionam apresentar uma moção para que as acusações sejam retiradas com base no facto de um grande júri não ter seguido determinadas regras quando reintroduziu as acusações contra ele, em Janeiro.

Durante o julgamento de Gutierrez, na segunda-feira, o perito em armas de fogo do FBI, Bryce Ziegler, disse que o revólver Pietta de fabrico italiano que Baldwin tinha na mão não disparava quando totalmente engatilhado sem que o gatilho fosse premido.

Este testemunho contrasta com os comentários iniciais de Baldwin após o crime. Então, em Dezembro de 2021, Baldwin disse à cadeia televisiva ABC que tinha engatilhado a arma mas não tinha premido o gatilho.

As acusações contra Baldwin foram retiradas no ano passado, depois de novas provas terem sugerido que o martelo da arma poderia ter sido modificado e que a arma poderia ter disparado sem que o gatilho fosse premido. Os procuradores convocaram um grande júri depois de um teste independente do revólver de acção simples ter confirmado as conclusões do FBI de que a arma não dispararia sem que o gatilho fosse premido.

Ziegler disse que não notou nenhuma modificação na arma de fogo quando aquela chegou aos laboratórios do FBI em Quantico, Virgínia. "Estava a funcionar normalmente quando a recebi", disse.