Bolsonaro nega golpe, denuncia “perseguição” e quer “passar uma borracha no passado”

Ex-Presidente brasileiro juntou milhares de apoiantes em São Paulo. Evitando criticar directamente a Justiça, pediu amnistia para os participantes na invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília.

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Apoiantes tentam fotografar e abraçar Bolsonaro durante a manifestação na Avenida Paulista (São Paulo) Reuters/CARLA CARNIEL
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Num evento que serviu para demonstrar que ainda tem força popular, o ex-Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, juntou este domingo milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, e negou qualquer envolvimento ou implicação na alegada tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro está ser investigado pela Polícia Federal, no contexto da invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de Janeiro de 2023, por apoiantes seus.

“‘Bolsonaro queria dar um golpe’. Sempre ouvi isso (…) O que é golpe? É tanque na rua, é arma, é conspiração, é trazer classes empresariais para seu lado? Nada disso foi feito no Brasil. Não fiz nada disso e continuam me acusando por golpe… golpe usando a Constituição?”, questionou, defendendo-se das críticas, num discurso para os seus apoiantes.

Com um estilo de comunicação bastante mais moderado do que aquele que usou antes e durante o seu mandato, Bolsonaro evitou fazer críticas directas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que o declarou inelegível até 2031, e ao STF (Supremo Tribunal Federal) – enquanto chefe de Estado chegou a dizer que iria desrespeitar ordens do STF durante uma manifestação –, mas não deixou de dizer que é alvo de uma “perseguição”, particularmente desde que deixou a presidência.

O ex-Presidente, derrotado por Lula da Silva na eleição presidencial de 2022, afirmou que aquilo que procura é a “pacificação” e “passar uma borracha no passado”, para que o país possa “viver em paz” e não continuar “sobressaltado”.

Nesse sentido, Jair Bolsonaro pediu amnistia para “aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília”, referindo-se aos seus apoiantes que foram detidos e indiciados por causa dos actos de violência e de vandalismo nas sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF, na capital brasileira.

A manifestação em São Paulo – que ainda não tem números oficiais – surge poucos dias depois de o ex-Presidente ter sido chamado a depor pela Polícia Federal no âmbito da investigação sobre a alegada tentativa de golpe de Estado.

Bolsonaro não prestou declarações nessa sessão, mas a imprensa brasileira chegou a especular, durante a semana, que se promovesse condutas antidemocráticas no discurso deste domingo poderia, em última instância, ser detido.

Algumas das figuras políticas do seu movimento que discursaram antes de si foram mais longe nas críticas ao STF ou aos processos judiciais em curso, mas os seus apoiantes acabaram por respeitar os pedidos de Bolsonaro e não levaram cartazes com críticas à Justiça. Viram-se, isso sim, várias bandeiras israelitas.

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