Tiago Oliveira: de mecânico de pesados a líder da CGTP

É um homem do terreno, que sabe estabelecer pontes, mas determinado e firme. O novo secretário-geral da CGTP mantém uma relação de proximidade com o PCP.

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O novo secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, tem 43 anos Rui Gaudêncio
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Eleito por maioria, o novo secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, é um homem do terreno, com capacidade para estabelecer pontes, mas determinado e firme. Quem o conhece garante que não vacilará perante os problemas.

Casado e com uma filha a terminar a faculdade, Tiago Oliveira tem 43 anos e desenvolveu a sua actividade sindical no Norte do país. A partir de agora, vai passar a andar entre Lisboa, onde está sediada a CGTP, e São Mamede de Infesta (Matosinhos), onde reside. O facto de não se mudar para a capital não será um problema para o cumprimento das funções inerentes ao cargo de líder da maior central sindical do país, garantem fontes sindicais.

O novo líder da CGTP "tem muitas qualidades humanas e sindicais" e uma delas é ser "determinado e firme", disse o histórico sindicalista João Torres, que trabalhou com Tiago Oliveira quando estava na direcção da União de Sindicatos do Porto (USP).

Filho do também sindicalista Américo Oliveira, o novo líder da CGTP nasceu em Matosinhos, onde concluiu o 9.º ano de escolaridade e frequentou um curso profissional de Electromecânica que lhe abriu as portas da Auto Sueco, na Maia, aos 17 anos.

Iniciou o seu percurso no sindicalismo em 2003, quando foi eleito delegado sindical na empresa do sector automóvel.

Passou a ser sindicalista a tempo inteiro em 2006, quando ingressou na direcção do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (Site-Norte) e, mais tarde, em 2016, sucedeu a João Torres como coordenador da USP, cargo que assumiu até agora.

"Conheço o Tiago há quase 20 anos e sempre vi nele qualidades humanas e sindicais que me agradavam. É muito coerente, um jovem curioso, humilde, solidário e muito preocupado com os outros, de relacionamento muito fácil", afirmou João Torres, citado pela Lusa.

Apesar de ser uma pessoa afável, o novo líder da Intersindical "não vacilará" perante os patrões ou o Governo na luta pelos direitos dos trabalhadores, assegurou João Torres.

Também Sérgio Sales, dirigente do Site-Norte, destacou "a capacidade diplomática e para o diálogo" de Tiago Oliveira e a sua vontade de "fazer pontes" entre os dois lados da barricada, realçando o contributo do sindicalista na luta dos trabalhadores contra a privatização da Efacec.

Além da Efacec, há quem destaque a sua participação nas greves da extinta Petrogal, em Leça da Palmeira, e nos protestos realizados na Cerâmica de Valadares.

A até agora líder da CGTP, Isabel Camarinha, garante que o seu sucessor “reúne todas as condições para a tarefa que vai assumir”.

“É um camarada com experiência, apesar de ser bastante novo, o que também é bom porque dá uma perspectiva de renovação, de rejuvenescimento”, afirmou em entrevista ao PÚBLICO, acrescentando que “será um grande secretário-geral” e com margem para continuar o trabalho por vários anos.

A proximidade com o PCP tem sido uma característica dos seus antecessores e o novo secretário-geral da CGTP não é excepção. Integra o comité central do partido e, nas últimas eleições autárquicas, foi eleito pela CDU para a assembleia de freguesia de São Mamede de Infesta e Senhora da Hora. Esta tem sido uma característica dominante de todos os líderes da Intersindical.

Tiago Oliveira é o terceiro secretário-geral do Norte, tal como Manuel Carvalho da Silva, que assumiu a liderança da central com 34 anos de idade e esteve à frente da CGTP entre 1986 e 2012, e Armando Teixeira da Silva (1974-1986). Com Lusa

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