Este arroz cor-de-rosa sabe a carne e foi produzido em laboratório. Comias?

É feito a partir de células de vaca que são injectadas dentro dos grãos de arroz. E, segundo os cientistas responsáveis pela criação, “combina com vários pratos”.

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Segundo os cientistas, o "arroz bovino" sabe a nozes e carne DR/Twitter
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Depois de já terem produzido filetes de peixe in vitro e hambúrgueres cultivados em laboratório, os cientistas decidiram que estava na altura de variar a oferta alimentar e decidiram inventar outro prato: arroz de carne feito à base de células de vaca.

Os investigadores chamaram-lhe “arroz bovino”, e, segundo Jinkee Hong, um dos responsáveis pela ideia, tem um sabor “agradável” com um leve trago a nozes e carne, afirmou em entrevista ao Guardian.

“Embora não reproduza exactamente o sabor da carne bovina, oferece uma experiência de sabor agradável e nova. Experimentámos com vários acompanhamentos e combina com vários pratos”, defendeu.

De acordo com Jinkee Hong e restante equipa de cientistas da Universidade de Yonsei, Seul, Coreia do Sul, que participou no projecto, este arroz tem 8% mais proteína e 7% mais gordura do que o que é consumido actualmente. Também tem uma baixa pegada de carbono e representa uma alternativa futura ao consumo de carne.

Segundo os cálculos dos cientistas no estudo publicado a 14 de Fevereiro na revista científica Matter, produzir 100 gramas de proteína de vaca liberta quase 50 quilos de dióxido de carbono. Por outro lado, 100 gramas de proteína de arroz de carne liberta menos de 6,27 quilos.

Para criarem o prato, Jinkee Hong e a equipa retiraram células de uma vaca já morta num dos matadouros da cidade. No laboratório, cobriram o arroz com uma gelatina de peixe e enzimas para que as células da carne se fixassem mais rapidamente. Depois inseriram-nas nos grãos de arroz que deixaram a crescer numa placa de petri durante nove a 11 dias. Este tempo também permitiu que as células crescessem no interior dos grãos, como aconteceria se estivessem no corpo de um bovino.

Apesar de terem utilizado células de músculo e gordura de um bovino morto, não é necessário abater animais para produzir o arroz cor-de-rosa, destacam no estudo, acrescentando que já estão a trabalhar em novas fórmulas que permitam retirar células de outras espécies vivas.

Os cientistas reforçam que não se trata de um arroz geneticamente modificado uma vez que o ADN não foi alterado, mas antes de uma carne produzida a partir de células semelhantes às que são cultivadas a partir de proteína vegetal e vendidas em Singapura.

A par da reduzida pegada de carbono, lê-se no estudo, a produção de bovinos demora entre um a três anos e de arroz entre 95 a 250 dias. No caso do “arroz bovino”, bastam dez dias até poder ser consumido.

Destacadas as vantagens, os investigadores adiantam que o próximo objectivo é aumentar o valor nutricional do arroz, estimulando o crescimento das células da carne bovina e afinar o sabor e textura dos grãos, que são ainda quebradiços.

Depois disto, querem que o produto esteja disponível para venda em todo o mundo e a preços acessíveis. A equipa acredita que o “arroz bovino” pode servir de alimento a astronautas e a militares em missões no estrangeiro, bem como uma ajuda “alimentar para combater a fome”, salientou à Dezeen o cientista Sohyeon Park.

Até lá, vão testar novas versões deste arroz cor-de-rosa acrescentando-lhe células de outros tipos de carne e até mesmo de peixe para responder às preferências alimentares de cada pessoa.

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