JP Simões dedica um disco inteiro a José Mário Branco e estreia-o com Mariazinha

No seu disco de estreia a solo, 1970, JP Simões já incluíra uma canção de José Mário Branco (1942-2019), Inquietação. Agora, passados quase 20 anos, resolveu homenagear o cantor e compositor com um álbum inteiramente dedicado à sua obra, gravando versões de oito canções de JMB datadas de várias épocas: As contas de Deus, Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, Perfilados de medo, Travessia do deserto, Do que um homem é capaz, Mariazinha, Cada dia são cem e Sopram ventos adversos. Nas plataformas digitais a partir desta sexta-feira, o disco JP Simões canta José Mário Branco é acompanhado da estreia, em single e videoclipe, de Mariazinha, que José Mário Branco gravara no seu primeiro álbum, em 1971. Com JP Simões, participam neste disco, editado pela Omnichord, os músicos Nuno Ferreira (guitarra e voz), Pedro Pinto (contrabaixo), Ruca Rebordão (percussão) e Márcio Pinto (marimba e electrónica),

No texto que acompanha o lançamento, escreve JP Simões: “Como uma transfusão de sangue, creio que comecei a sentir-me cada vez mais próximo da música de José Mário Branco à medida que a fui tocando e cantando, sempre que a oportunidade surgia. Como se a espessura ética e poética das suas canções fosse progressivamente ocupando e fortalecendo um lugar onde antes havia insegurança e incerteza, à medida que as fui cantando e cantando e acreditando cada vez mais no que cantava. Depois de uma muito considerável quantidade de concertos centrados no seu trabalho, que foram afinando essa proximidade, surgiu um convite para – porque não? – fazer um registo que lhe fosse inteiramente dedicado. É uma voz agora oportuna e necessária a de José Mário Branco? É pungente e transborda beleza e coragem? Sem dúvida. E aqui estamos. E o mais intrigante para mim é lançar um disco onde pela primeira vez sou exclusivamente intérprete das canções de outra pessoa e sentir que é talvez o disco mais íntimo que alguma vez produzi. Cabe-me agradecer ao autor este privilégio de me sentir mais completo e menos só, aqui na casa que ele construiu para todos.”

Nascido João Paulo Nunes Simões, em Coimbra, em 4 de Janeiro de 1970 (daí o 1970 do seu disco de estreia a solo), JP Simões fez parte dos projectos Pop Dell’Arte, Belle Chase Hotel ou Quinteto Tati, assinando, a solo, os álbuns 1970 (2006), Boato (2009), Roma (2013) e, estes assinando-os como Bloom (um alter-ego), os discos Tremble Like a Flower (2016) e Drafty Moon (2021). Cantor, compositor, letrista, contista e dramaturgo, JP Simões participou também no Festival RTP da Canção de 2018 com Alvoroço (que não chegou a ir à final) e ganhou o prémio de melhor tema de música popular na Gala Prémio Autores 2019 da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).