Mortágua reafirma história sobre renda da avó e critica “campanha da extrema-direita”
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) reafirmou a veracidade das suas acusações, dizendo que a renda da sua avó poderia ter disparado se a lei das rendas não tivesse sido revogada.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, recusou "alinhar na campanha da extrema-direita" e reafirmou que as suas declarações são verdadeiras, alegando que a renda da sua avó poderia ter saltado caso a 'geringonça' não tivesse suspendido a aplicação da "lei Cristas", em 2012.
"Só alinha na campanha de extrema-direita quem tem mesmo muita vontade de alinhar em campanhas da extrema-direita. O que eu disse e mantive é que a minha avó viveu 69 anos na mesma casa. Tinha 80 anos quando descobriu que aos 85 a sua renda podia saltar. Artigos 35º e 36º da lei", reiterou a líder do BE, em resposta a um artigo da revista Sábado.
Em causa estão as declarações de Mariana Mortágua: no debate com Luís Montenegro, no dia 10 de Fevereiro:
“Eu lembro-me de uma lei das rendas, em que as pessoas idosas recebiam uma carta e, se não respondessem durante 30 dias, a renda aumentava para qualquer valor e podiam ser expulsas. Eu vi idosos a serem expulsos, eu conheço o pânico que era receber uma carta do senhorio. Eu vi o sobressalto da minha avó ao receber cartas do senhorio, porque não sabia o que é que lhe ia acontecer e essa foi uma responsabilidade do PSD que esvaziou as cidades.”
Segundo a líder bloquista, esse aumento das rendas "teria acontecido se a 'geringonça' não tivesse suspendido a aplicação da lei Cristas", ou seja, a lei das rendas.
Esta quinta-feira, à margem de uma acção de pré-campanha, Mortágua recusou-se a ser desmentida, vincando a verdade das suas afirmações. "A extrema-direita está hoje a fazer a sua segunda tentativa de intoxicação desta campanha eleitoral", sendo o tema a lei das rendas do PSD e do CDS "e a referência ao exemplo" da sua avó.
"Esta segunda tentativa da extrema-direita é tão ridícula como a primeira e vai ter o mesmo destino: vai mostrar o embaraço dos defensores de uma lei das rendas que foi cruel, que atacou as pessoas e que estes partidos de direita querem voltar a aplicar, querem voltar a reinstituir", criticou.
A notícia da revista Sábado conta que a avó de Mariana Mortágua tinha, à data da "lei Cristas", 78 anos, e por isso não poderia ser despejada (a lei protegia inquilinos com mais de 65 anos), embora continuasse sujeita aos aumentos de renda previstos na lei.
Mariana Mortágua, que já tinha sido questionada na SIC Notícias, no debate com Rui Tavares, não afirmou que a avó cumpriria os requisitos para ser despejada ou ver a sua renda aumentada, mas insistiu que a sua avó "sentiu esse sobressalto" que outros idosos sentiram com a revisão do regime jurídico do arrendamento urbano aprovada em 2012, durante o Governo de PSD/CDS.
A Sábado escreve que a avó de Mortágua vive num apartamento arrendado em Alvalade, Lisboa, que pertence a uma IPSS legalmente registada como tal, a Fundação Octávio Maria de Oliveira e que as actualizações de renda terão sido sempre "de acordo com o coeficiente previsto na lei, mas coisas ínfimas... 1%, esse tipo de valores" e que as rendas não ultrapassam "os 400 e poucos euros".