Protesto no Capitólio: PS, BE, IL, Livre e PAN criticam. AD divide-se e Chega apoia.
Elementos da PSP e GNR manifestaram-se na segunda-feira à porta do local onde o secretário-geral do PS e o líder da AD iam debater. CDU distancia-se da forma como o protesto foi realizado.
O início da semana ficou marcado pelo protesto que juntou elementos da GNR e PSP à porta do Cineteatro Capitólio, em Lisboa, e que não tinha sido autorizado. Os representantes das várias forças políticas já se pronunciaram sobre a manifestação, com o Chega a defendê-la e PS, Livre e PAN a criticá-la. IL e Bloco de Esquerda consideram o protesto legítimo, mas alertam para a necessidade de respeitar os limites estabelecidos, ao passo que a CDU se distancia da manifestação frente ao Capitólio. Já a Aliança Democrática divide-se, com a opinião de Luís Montenegro a chocar com a de Nuno Melo.
No dia do frente-a-frente entre os líderes do PS e da AD, as forças de segurança concentradas em manifestação na Praça do Comércio rumaram ao Capitólio, no Parque Mayer, onde o debate ia decorrer. PSP e GNR têm vindo a exigir um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária.
A reacção do secretário-geral do PS foi clara: “Não se negoceia sob coacção, sempre com respeito pela ordem.” Já o líder da AD e presidente do PSD limitou-se a concordar “com a reivindicação” da PSP e GNR.
No dia seguinte, numa arruada, Montenegro disse que os “protestos são legítimos”, mas têm de ser feitos “dentro dos limites”, opinião diferente da de Nuno Melo, líder do CDS, um dos partidos que integram a AD. “O que ontem aconteceu não respeita a lei e a ordem. As polícias estiveram mal”, criticou.
Esta quarta-feira, Montenegro acrescentou que concorda com a abertura de um inquérito ao ocorrido. Segundo a Lusa, há um processo aberto na IGAI (Inspecção-Geral da Administração Interna) de pedido de informações junto da PSP e da GNR. Isto porque o protesto comunicado à Câmara Municipal de Lisboa indicava que se ia realizar apenas na Praça do Comércio. O próprio director nacional da PSP também determinou a abertura de um processo de inquérito ao protesto.
Em declarações sobre a manifestação, o líder do Livre defendeu que “todos devem cumprir com os pilares do Estado de direito”. Citado pela agência Lusa, e sem opinar sobre a abertura de inquéritos, Rui Tavares alertou que PSP e GNR “podem estar a abrir a porta para aproveitamentos políticos daqueles que, na verdade, só lhes interessa as regras da democracia para tomarem o poder e nunca mais o largarem”.
Posição semelhante assumiu o PAN, com Inês Sousa Real a dizer, em declarações às televisões, que “manifestações como as do Capitólio podem descredibilizar a luta”. E considerou "sensata a decisão" de se abrir um inquérito: "Assim não haverá qualquer contaminação do processo, quer negocial, quer também da percepção da sociedade civil em relação àquilo que estão a reivindicar."
Também em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo, líder do PCP e da CDU, considerou que o protesto não foi uma irresponsabilidade e defendeu que não põe em causa o que diz serem "reivindicações justas" dos polícias. “Não será esta ou aquela declaração mais inflamada, ou esta ou aquela acção menos feliz que vai marcar o que foi e é o protesto das forças de segurança.”
O líder comunista acrescentou que aquilo que importa destacar é a manifestação que decorreu no Terreiro do Paço, distanciando-se das acções de protesto depois canalizadas para o Capitólio, que "só responsabilizam os próprios que nelas participaram".
Já os liberais dizem-se solidários com os motivos que levaram as forças de segurança a manifestar-se, mas Rui Rocha, citado pela Lusa, exigiu “que essa insatisfação se prenuncie dentro da legalidade. É dentro da lei que os protestos dos polícias devem ser feitos”. E considerou "normal um inquérito para apurar as circunstâncias".
A mesma opinião têm os bloquistas. "Uma manifestação foi desviada para um local sem aviso prévio. As regras deviam ser iguais para todos", disse Mariana Mortágua. A coordenadora do BE considerou o protesto “legítimo”, mas defendeu que não podem “pôr em causa nem condicionar o debate democrático”. Forças de segurança “são o garante da ordem democrática e é importante que dêem esse exemplo”.
Já o Chega defendeu a atitude das forças de segurança. Protestar “não é uma ameaça, é um acto legítimo em democracia”, disse André Ventura, em declarações aos jornalistas. E acrescentou que os polícias “são os primeiros interessados a fazer [estas manifestações] dentro da legalidade. Vamos ver o que o inquérito dirá.”
Notícia corrigida referindo que a CDU e Paulo Raimundo não apoiaram a forma como foi realizado o protesto junto ao Capitólio