FC Porto esperou pelo último rastilho para fulminar o Arsenal

“Dragões” mostraram pedigree suficiente para irem a Londres em vantagem. “Gunners” arriscaram o suficiente para não comprometerem e levam uma dor de cabeça para casa.

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Pepê tenta escapar à marcação dos ingleses EPA/JOSE COELHO
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FC Porto e Arsenal estiveram na iminência de reeditar, em jogo muito calculista, o duelo de 2006-07, um nulo que Galeno desfez no último instante, acendendo um rastilho de esperança num remate fulminante que decidiu (1-0) o jogo da primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões.

O primeiro quarto de hora, período em que nenhuma equipa arriscou uma abordagem demasiado ousada, ficou marcado pela maior capacidade de os ingleses gerirem a posse de bola, com uma discrepância (78% para o Arsenal) que não teve correspondência nem foi materializada em lances de perigo. Para melhor ilustrar o que se passou nessa fase, fica o registo anormal de zero remates para qualquer dos lados.

Sérgio Conceição tinha alertado para a importância da consistência defensiva. O que se reflectiu no sistema ligeiramente diferente do utilizado nos últimos compromissos domésticos. Para neutralizar o 4x3x3 de Mikel Arteta, o técnico do FC Porto concebeu uma teia em que aos dois médios de contenção se juntava Pepê, usando ainda uma combinação de quatro unidades no meio-campo, com Alan Varela um pouco mais próximo dos centrais.

No eixo defensivo, uma novidade: a estreia de Otávio Ataíde na competição milionária, “baptizado” por Pepe, decano da Champions, que superou a fasquia de longevidade fixada por Ryan Giggs, tornando-se no jogador de campo mais velho (faz 41 anos na próxima segunda-feira) a actuar na fase a eliminar da competição.

Mas, como um radar, o FC Porto perscrutava e tentava sentir o pulsar dos “gunners”, esperando o momento exacto para mostrar que não seria uma mera equipa de transições, nem aceitaria um papel subalterno neste ataque aos quartos-de-final.

Daí que a primeira e enorme ocasião de golo da noite do Dragão tenha sido criada por uma aceleração de Francisco Conceição — depois de João Mário ter ameaçado idêntico expediente — que levou a bola ao coração da área inglesa, onde Galeno fez disparo fulminante ao ferro da baliza de David Raya. Na recarga, o extremo brasileiro voltou a falhar o alvo, para alívio dos britânicos, que por instantes perderam a fleuma.

Nos dez minutos que se seguiram, o FC Porto, que só sentiu a pressão do Arsenal em lances de bola parada, esbateu as diferenças e conseguiu destacar-se no capítulo da finalização, sempre com o adversário longe da carreira de tiro, que estreou depois da primeira meia hora de jogo, ainda que de forma deficiente, num remate de Trossard.

Com os “canhões” desalinhados, o vice-campeão inglês, com 11 golos marcados nos dois últimos jogos, não conseguiu enquadrar qualquer remate com as redes de Diogo Costa.

Sem outras soluções, os londrinos apertavam a malha e estabeleciam-se através de pontapés de canto, uma especialidade a que o FC Porto respondeu com máxima concentração, atingindo o intervalo sem experimentar verdadeiros sobressaltos.

Para a segunda parte pedia-se um pouco mais de munições e menos pólvora seca. Mas nem Conceição nem Arteta estavam na disposição de arriscar demasiado.

A grande diferença residiu no maior equilíbrio, com o FC Porto a instalar-se paulatinamente no meio-campo ofensivo e a dividir a posse de bola com um Arsenal ciente de que o empate poderia ser um primeiro passo rumo à fase seguinte.

Mikel Arteta assumiu-o a 17 minutos dos 90, ao lançar o médio Jorginho no lugar do avançado Trossard, destacando Havertz (herói da final de 2020-21, entre o Chelsea e o Manchester City, disputada no Dragão) para uma posição de referência na frente.

O Arsenal estava, definitivamente, mais inclinado a manter a situação que, em teoria, poderia ser favorável para resolver a eliminatória em casa. Só não contava com o disparo fulminante de Galeno, mesmo ao cair do pano no Dragão, enfrentando agora uma equação diferente para o jogo do Emirates.

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