Hungria vai ratificar adesão da Suécia à NATO na segunda-feira

A Aliança Atlântica vai receber em breve o seu 32.º membro, depois da entrada da Finlândia, um alargamento posto em marcha depois da invasão da Ucrânia.

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O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na Conferência de Segurança de Munique KAI PFAFFENBACH/Reuters
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Viktor Orbán já dissera que o Parlamento húngaro podia ratificar a adesão da Suécia à NATO “em breve”, ou seja, pouco depois de recomeçar os trabalhos, no dia 26 de Fevereiro. Agora é oficial: o grupo parlamentar do Fidesz – União Cívica Húngara, o partido do primeiro-ministro, pediu que a votação seja agendada para a próxima segunda-feira. “É claro que é [uma notícia] muito bem-vinda”, reagiu em Estocolmo o ministro da Defesa da Suécia, Pal Jonson.

A candidatura sueca foi oficializada em Maio de 2022, numa resposta à invasão da Ucrânia por parte da Rússia, dois meses antes, e pôs fim a uma política de neutralidade com quase dois séculos.

“O nosso grupo deseja apoiar” a entrada da Suécia na Aliança Atlântica, lê-se na carta enviada pelo Fidesz ao presidente do Parlamento, e publicada na página de Facebook do partido. Depois da Turquia, que finalizou o processo de ratificação ainda em Janeiro, a Hungria será o último membro da NATO a aprovar a adesão sueca, pedida em simultâneo com a candidatura da Finlândia, cuja adesão foi formalizada há quase um ano.

A data para a ratificação húngara chega duas semanas depois de o conselheiro para a segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, avisar Budapeste que a “paciência” dos aliados não seria “ilimitada”. “Chegou o momento” de a Suécia se tornar o 32.º membro da NATO, disse Sullivan, no fim de uma reunião do Conselho do Atlântico Norte, em Bruxelas.

“Vamos ratificar a adesão da Suécia à NATO”, afirmou, na última sexta-feira, o chefe do Governo iliberal e ultraconservador da Hungria, durante o seu discurso anual perto do castelo de Buda, na capital húngara. Ainda assim, Orbán aludira a “negociações” em curso, quando a Suécia já deixou claro que não havia mais nada a negociar, deixando no ar que o voto poderia demorar. Mas o longo bloqueio, inexplicável para os restantes membros da Aliança, parece ter finalmente chegado ao fim.

No domingo, um grupo de senadores republicanos e democratas de visita à Hungria anunciou que iria apresentar ao Congresso norte-americano uma resolução conjunta a condenar os recuos democráticos no país e a insistir com o primeiro-ministro húngaro para resolver a questão sueca o mais rapidamente possível. “Conhecemos suficientemente a política aqui para saber que se o primeiro-ministro Orbán quiser que isto aconteça, então o Parlamento pode avançar”, disse o democrata Chris Murphy, citado pela Associated Press em Budapeste.

Murphy afirmou ainda que a delegação tencionava reunir-se com membros do Governo e do Fidesz, mas que ambos se recusaram a recebê-los, algo que considerou “estranho e preocupante”.

“O Presidente russo [Vladimir Putin] tinha como meta declarada a invasão da Ucrânia, porque queria menos NATO. Agora vai ter precisamente o oposto. A Finlândia hoje, e em breve também a Suécia, vai tornar-se um membro de pleno direito da aliança”, disse na adesão finlandesa o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerando que se tratava de “um acontecimento histórico” e um “resultado directo” da invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de Fevereiro de 2022.

Se a entrada dos finlandeses significou uma nova fronteira, de 1300 quilómetros, entre a NATO e a Rússia, a adesão sueca representa uma expansão ainda maior do território da Aliança e assegura o seu domínio sobre o mar Báltico.

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