EUA vetam resolução apoiada pelos países árabes a exigir cessar-fogo humanitário imediato em Gaza

“Exigir um cessar-fogo imediato e incondicional sem um acordo que obrigue o Hamas a libertar os reféns não conduzirá a uma paz duradoura”, argumentou a embaixadora norte-americana na ONU.

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Projecto de resolução recebeu 13 votos a favor, um voto contra (EUA) e uma abstenção (Reino Unido) Reuters/MIKE SEGAR
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Os Estados Unidos voltaram a vetar, esta terça-feira, um projecto de resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza. A resolução, da autoria de Argélia e com amplo apoio dos países árabes, recebeu 13 votos a favor, um voto contra (EUA) e uma abstenção (Reino Unido).

O veto norte-americano não apanhou o Conselho de Segurança da ONU de surpresa, uma vez que a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, já havia anunciado no domingo que iria votar contra o texto da Argélia, argumentando que a proposta apoiada pelos países árabes poderia interferir nos esforços em prol de um acordo que resultaria na libertação de todos os reféns detidos pelo movimento islamista palestiniano Hamas. Foi o terceiro veto dos EUA desde o início do conflito, a 7 de Outubro de 2023.

“Exigir um cessar-fogo imediato e incondicional sem um acordo que obrigue o Hamas a libertar os reféns não conduzirá a uma paz duradoura. Pelo contrário, poderá prolongar os combates entre o Hamas e Israel”, disse Thomas-Greenfield ao Conselho de Segurança antes da votação.

A embaixadora informou ainda que os Estados Unidos irão propor a sua própria resolução que pede um cessar-fogo temporário e “assim que possível” no enclave.

Antes da votação, o representante da Argélia, Amar Bendjama, advogou que o “Conselho de Segurança não se pode dar ao luxo de ser passivo” face a um cessar-fogo em Gaza e afirmou que um voto contra a sua resolução implicaria um apoio à violência brutal e punição colectiva do povo palestinianos. “Um voto a favor deste projecto de resolução é um apoio ao direito dos palestinianos à vida”, disse Bendjama.

O projecto de resolução da Argélia vetado pelos EUA não vinculava o cessar-fogo à libertação dos reféns. A resolução exigia um cessar-fogo humanitário imediato e a libertação imediata e incondicional de todos os reféns.

“O simples facto de apelar a um cessar-fogo - como faz esta resolução - não fará com que isso aconteça”, disse a embaixadora britânica na ONU, Barbara Woodward, após a votação. “A forma de parar os combates e, potencialmente, impedir o seu recomeço, é começar com uma pausa para retirar os reféns e e fazer entrar a ajuda humanitária”, acrescentou.

Os EUA vão propor um projecto de resolução no qual apelam a um cessar-fogo temporário na guerra Israel-Hamas, opondo-se também a uma grande ofensiva terrestre de Israel em Rafah, de acordo com o texto visto pela Reuters na segunda-feira.

Até agora, Washington tem sido avesso à palavra cessar-fogo em qualquer acção da ONU sobre a guerra, mas o texto dos EUA ecoa a linguagem que o Presidente Joe Biden disse ter usado na semana passada em conversas telefónicas com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

O projecto de resolução dos EUA prevê que o Conselho de Segurança “sublinhe o seu apoio a um cessar-fogo temporário em Gaza, logo que possível, com base na fórmula de libertação de todos os reféns, e apela ao levantamento de todas as barreiras à prestação de assistência humanitária em grande escala”.

É a segunda vez, desde 7 de Outubro, que Washington propõe uma resolução do Conselho de Segurança sobre Gaza. A Rússia e a China vetaram a primeira tentativa no final de Outubro.

Tradicionalmente, Washington protege Israel das acções da ONU. Mas também se absteve por duas vezes, permitindo que o Conselho adoptasse resoluções que visavam aumentar a ajuda a Gaza e apelavam a pausas prolongadas nos combates.

Em Dezembro, mais de três quartos dos 193 membros da Assembleia Geral da ONU votaram a favor de um cessar-fogo humanitário imediato. As resoluções da Assembleia Geral não são vinculativas, mas têm peso político, reflectindo uma visão global da guerra.

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