PP segura quinta maioria absoluta consecutiva nas eleições galegas
Nacionalistas crescem e conseguem resultado histórico, socialistas perdem um terço dos deputados e ficam com o pior resultado de sempre. Alfonso Rueda continua à frente da Xunta da Galiza.
O Partido Popular (PP) conseguiu manter a maioria absoluta no Parlamento da Galiza. Apesar de uma recta final de campanha relativamente incerta, com o avançar do escrutínio, o bom resultado do partido de centro-direita, que governa a Galiza de forma consecutiva desde 2009, confirmou-se. Alfonso Rueda, histórico número dois de Alberto Núñez Feijóo em Santiago de Compostela, consegue vencer pela primeira vez as eleições e assegura mais quatro anos à frente da Xunta da Galiza (governo regional), pintando quase por completo de azul-escuro o mapa da região. O PP ficou com 40 deputados, mais dois do que os 38 parlamentares necessários para a maioria, e consegue renovar a maioria absoluta pela quinta vez consecutiva. O PP mostra-se como o partido que mais força e capilaridade tem na Galiza, já que ganhou uma vez mais em todas as quatro províncias.
Ao final da noite, o candidato vencedor, Alfonso Rueda, disse que vai trabalhar "para estar à altura da Galiza". O candidato do PP afirmou que, desde o noroeste da península, se "enviou uma mensagem a Espanha de que na Galiza não queremos chantagem, mas entendimento e igualdade entre todos" e prometeu dedicar-se agora "a projectar a Galiza do futuro".
O partido nacionalista Bloco Nacionalista Galego (BNG) teve uma forte subida dos 19 para os 25 parlamentares. Conseguiu ganhar na maior cidade galega, Vigo, e na maioria dos concelhos dos arredores, subindo o seu resultado em todas as províncias. Apesar da mobilização em torno da candidata Ana Pontón, este resultado não bastou para derrubar a maioria de centro-direita na Galiza, mas ainda assim o BNG conseguiu ter o seu melhor resultado de sempre. Na reacção, Pontón falou num "BNG consolidado e fortalecido, num resultado que parece insuficiente porque o objectivo era abrir um tempo novo" e que ficou claro de que os nacionalistas são "a alternativa ao PP".
Os socialistas do Partido Socialista da Galiza (PSdeG) preferiram manter as expectativas baixas e perderam força: retêm nove parlamentares, baixando dos 14 conquistados em 2020, e têm o pior resultado histórico. O candidato do PSdeG, José Ramón Besteiro, diz que "precisa de consolidar um projecto que seja uma alternativa real e segura", já que "nenhuma mudança é fácil, nem se consegue de um dia para o outro", prometendo ficar com o seu lugar na oposição no Parlamento de Santiago.
Já o partido populista e regionalista da província de Ourense, Democracia Ourensana (DO), cuja ideologia se troca pelo pedido de dinheiro para a província, consegue entrar no parlamento galego com perto de 15 mil votos, elegendo o cabeça-de-lista Armando Ojea, mas não deixa de ter uma posição irrelevante num cenário de maioria absoluta. Na reacção ao resultado, o principal rosto da DO e presidente da Câmara de Ourense, Gonzalo Pérez Jácome, disse que "aspirava ser a chave [de uma maioria] para salvar a província de Ourense. Entrámos no Parlamento, vamos ficar quatro anos a protestar!". Jácome deixou já a primeira promessa: "Vamos aumentar a audiência dos directos das sessões do parlamento".
Apesar do forte do forte crescimento dos nacionalistas do BNG, a queda a pique dos socialistas na região pôs em causa uma eventual surpresa eleitoral. A plataforma de esquerda Sumar, o Podemos - de esquerda radical que concorreu nestas eleições de forma isolada depois de abandonar a plataforma Sumar - e o Vox, de extrema-direita, não conseguem qualquer parlamentar, já que não conseguiram reunir 5% dos votos em nenhuma das quatro províncias galegas.
Apesar dos poucos carisma e habilidade política demonstrados na campanha pelo líder do PP galego, Alfonso Rueda, o partido mostrou uma vez mais a sua influência no território, num eleitorado que preferiu continuar com o partido que conhece desde sempre. O Partido Popular perdeu apenas dois deputados face a 2020, um deles vai directo para o Democracia Ourensana e outro ficou nas mãos do BNG.
O resultado nesta noite é particularmente negativo para a líder do Sumar, a galega Yolanda Díaz, e para a sua candidata na Galiza, Marta Lois, já que não conseguem o objectivo de ter representação parlamentar e ficam inclusive atrás do Vox na região. Também é um resultado particularmente mau para toda a estrutura do Podemos que, depois de abandonar a plataforma Sumar, foi ultrapassado até pelo partido animalista PACMA, e para o Vox, que continua a não conseguir entrar no parlamento regional. Santiago tem o único parlamento onde a extrema-direita nunca marcou presença.
Quase 2,7 milhões de galegos foram chamados a votar neste domingo. O dia de eleições foi marcado pela participação mais alta de sempre nas eleições, com 67% de afluência. Em 2020, com uma pandemia a condicionar o acto eleitoral, a participação ficou-se pelos 48,97%.
Também no estrangeiro a participação eleitoral esteve em alta, com 6,15% dos 476 mil eleitores a votarem. Foram, assim, mais de 29.300 os galegos na diáspora que votaram nestas eleições. O apuramento do voto exterior só será feito no dia 26 de Fevereiro.