Antigo director da Frontex junta-se a partido de Le Pen para as eleições europeias

Fabrice Leggeri deixou o cargo em 2022 durante investigações sobre práticas ilegais da Frontex para com requerentes de asilo.

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Fabrice Leggeri deixou a Frontex e agora vai candidatar-se pelo partido de Le Pen às europeias KACPER PEMPEL/Reuters
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O antigo director da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex), Fabrice Leggeri, anunciou, no sábado, que se juntou ao partido francês de direita radical União Nacional, de Marine Le Pen. Segundo escreve o jornal francês Le Monde, Leggeri, que deixou o cargo na Frontex em 2022, quando a agência estava a ser investigada por práticas ilegais relacionadas com o retorno forçado de candidatos a asilo, deverá ser candidato da União Nacional nas próximas eleições europeias.

"A União Nacional tem um plano concreto e a capacidade de o levar a cabo", declarou ao semanário Journal du Dimanche, neste domingo, criticando a abordagem que "a Comissão Europeia e os eurocratas" têm da imigração, que, continuou, "não consideram um problema, mas sim um projecto​".​

Leggeri, de 55 anos, liderou a Frontex de 2015 a 2022, quando decorreu um processo polémico relacionado com os pushbacks (quando embarcações com requerentes de asilo são levadas de volta para a sua origem depois de já terem chegado a águas territoriais do destino, e a lei internacional obrigaria a que fosse permitida a sua chegada ao destino, e que fosse prestada ajuda caso a embarcação ficasse em perigo)​.

Uma investigação conjunta liderada pelo colectivo holandês Lighthouse Reports, em parceria com vários media como Der Spiegel, Le Monde, SRF Rundschau e Republik​, deu conta do envolvimento da Frontex na devolução de 957 requerentes de asilo no mar Egeu, entre Março de 2020 e Setembro de 2021, durante a liderança de Leggeri. Em dezenas de casos, os requerentes de auxílio tinham sido transferidos por guardas da Frontex das embarcações de borracha onde seguiam (ou até, em alguns casos, tendo até já desembarcado em território grego) para barcos salva-vida gregos, e posteriormente deixados à deriva no mar. Noutros casos, eram arrastados por embarcações da guarda-costeira grega de águas territoriais gregas para águas turcas, depois de avistados por meios da Frontex.

"Hoje, opto por colocar a minha experiência e os meus conhecimentos ao serviço dos franceses", escreveu na rede social X. "Liderar a Frontex durante quase sete anos e trabalhar para o Estado há cerca de 30 anos, nomeadamente na área da segurança e da imigração, torna esta decisão coerente", acrescentou.​ "As eleições europeias de 9 de Junho oferecem uma oportunidade única para reorientar a França e a Europa. Entrar na lista liderada por Jordan Bardella [presidente da União Nacional e eurodeputado] é uma escolha óbvia para mim. Juntos, podemos devolver ao povo francês o controlo do seu futuro", disse ainda.

Populismo pode crescer na Europa

As forças de direita radical e extrema-direita deverão conquistar entre 183 e 197 dos 720 lugares de eurodeputados, assegurando assim uma representação de 25% nas próximas eleições europeias, de acordo com uma projecção do European Council on Foreign Relations publicada no final de Janeiro.

“A composição do Parlamento Europeu vai deslocar-se acentuadamente para a direita nas eleições de Junho deste ano, o que poderá ter implicações significativas para a capacidade da Comissão Europeia e do Conselho da União Europeia de levar por diante os seus compromissos em matéria de política externa e ambiental, incluindo a próxima fase do Pacto Ecológico Europeu”, prevê Kevin Cunningham especialista em sondagens e co-autor do estudo, intitulado “Forte guinada à direita: previsão das eleições para o Parlamento Europeu de 2024”.

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