Estrela dos Beach Boys Brian Wilson sofre de demência

A família do fundador da mítica banda fez um pedido ao Tribunal de Los Angeles para que o cantor seja colocado sob uma curadoria para controlar vários aspectos da sua vida.

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Brian Wilson no Primavera Sound, no Porto, em 2016 Paulo Pimenta
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O Beach Boy Brian Wilson, actualmente com 81 anos, revela, segundo um relatório médico, ser “incapaz de responder adequadamente às suas próprias necessidades pessoais de saúde física, alimentação, vestuário ou abrigo”. Além disso, a antiga estrela “faz frequentemente declarações espontâneas irrelevantes ou incoerentes”, o que levou os médicos a diagnosticarem-lhe demência.

As observações e conclusões dos clínicos integram o processo que a família do cantor apresentou no Tribunal de Los Angeles, no qual apelam a que seja criada uma curadoria que impeça o artista de realizar actos irreflectidos que ponham em causa a sua segurança e bem-estar.

A decisão da família surge pouco tempo após a morte da mulher de Wilson, Melinda, e resultou de uma “cuidadosa consideração e consulta” a Wilson, aos seus médicos, aos seus sete filhos e à sua empregada doméstica, Gloria Ramos, que é a sua principal cuidadora.

O objectivo, explica a família numa declaração tornada pública nas redes sociais, é que não haja alterações ao quotidiano de Wilson, que continuará a viver com os filhos e sob o olhar atento de Gloria. “O Brian poderá desfrutar de toda a sua família e amigos e continuar a trabalhar nos seus projectos actuais, bem como participar em todas as actividades que desejar”, garante-se.

Os planos, revela a nota, tiveram origem nos desejos de Brian e Melinda, e ditam que as co-curadoras sejam as representantes de longa data da família, LeeAnn Hard e Jean Sievers.

Os problemas mentais de Brian Wilson (n.1942, Inglewood, Califórnia), fundador e líder da banda Beach Boys, tendo sido considerado um dos maiores músicos do século XX, não constituem novidade. Em 2019, por exemplo, viu-se forçado a adiar a sua digressão por se sentir “mentalmente inseguro”.

“Não é nenhum segredo que eu, durante décadas, tenho vivido com doenças mentais”, explicou, na altura, numa nota no seu site pessoal. “Houve alturas em que [a doença] era intolerável, mas com a ajuda dos médicos e da medicação tenho levado uma vida maravilhosa, saudável e produtiva com a ajuda da minha família, dos amigos e dos fãs que me têm amparado nesta jornada.”

Porém, nem sempre foi assim. No final dos anos 1960, o músico internou-se num hospital psiquiátrico. Diagnosticado com esquizofrenia, Wilson admitiu que os seus problemas de saúde mental poderão ter sido desencadeados ou agravados pelo consumo exagerado de LSD. “Nos últimos 40 anos tive alucinações auditivas a toda a hora e não as conseguia parar”, relatou numa entrevista de 2006, à revista Ability,

Foi no meio desse caos que surgiu o psicoterapeuta Eugene Landy. Inicialmente contratado pela então mulher de Wilson, Marilyn Wilson-Rutherford, com o propósito de o ajudar, Landy acabaria por controlar praticamente todos os aspectos da vida do músico, inclusive as suas finanças. Foi nessa altura, e depois de o cantor ter alterado o seu testamento, tornando Landy o seu principal beneficiário, que a família pediu pela primeira vez uma curadoria. Em 1992, o Tribunal Superior de Santa Mónica ordenou o afastamento de Landy e nomeou um curador independente com “poderes específicos e limitados sobre os assuntos do artista”.

Na época, a agente Melinda Ledbetter, com quem Brian se casou depois, em 1995, foi uma das pessoas que insistiu no processo judicial contra Landy.

Brian e Melinda adoptaram cinco filhos: Dakota Rose, Daria Rose, Delanie Rose, Dylan e Dash. O cantor tem ainda duas filhas do primeiro casamento, Carnie e Wendy.

Após a morte de Melinda, a 30 de Janeiro, Brian desabafou no seu site: “Estamos perdidos. A Melinda era mais do que a minha mulher. Ela era a minha salvadora.”

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