Empresas notificadas pela ACT têm até hoje para regularizar falsos recibos verdes
Em causa está a notificação feita a 9.699 empresas para regularização do vínculo laboral de 17.701 trabalhadores independentes considerados economicamente dependentes.
As quase 10 mil empresas notificadas pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) no âmbito de uma acção contra a precariedade, têm até esta sexta-feira para regularizar o vínculo laboral de 17.701 trabalhadores com falsos recibos verdes.
No início deste mês, a ACT anunciou ter notificado 9.699 empresas para regularização do vínculo laboral de 17.701 trabalhadores independentes considerados economicamente dependentes, ou seja, prestadores de serviço que concentram 80% ou mais do seu rendimento numa única entidade.
Os trabalhadores economicamente dependentes detectados nesta acção de combate à precariedade foram informados da notificação enviada às entidades para a qual prestam serviço, tendo esta de proceder à regularização do vínculo laboral até esta sexta-feira.
"Decorrido este prazo, a ACT procederá a nova verificação da regularidade dos vínculos e manutenção dos postos de trabalho, dando início à correspondente acção inspectiva para garantir o cumprimento da legislação em vigor, caso a situação não tenha sido regularizada no prazo indicado", esclareceu a ACT.
Num comunicado emitido após o anúncio da acção da ACT, a Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis (ACP-PI) dava conta de casos de "chantagem" sobre os trabalhadores, com as empresas a pretenderem que "aceitem contratos que prevêem salários muito abaixo do que têm recebido, sem o reconhecimento da antiguidade da relação laboral".
"Chegaram também relatos de empresas públicas notificadas, mas como as respectivas administrações não foram autorizadas pelo Ministério das Finanças a regularizar as situações precárias, simplesmente cancelaram a prestação de serviços", exemplificou.
Em declarações à Lusa, Daniel Carapau, da associação Precários Inflexíveis, afirmou não ter dados sobre o número de trabalhadores cujo vínculo já foi entretanto regularizado, acrescentando que trabalhadores que informaram a ACT sobre o que lhes estava a ser proposto pelas empresas, não tiveram ainda resposta por parte daquela Autoridade. "As pessoas têm estado a reportar estas ilegalidades mas não estão a obter resposta da ACT", disse.
Daniel Carapau disse também que a associação continua a aguardar resposta da ACT ao pedido de reunião com a inspectora-geral do Trabalho, Maria Fernanda Campos, "para avaliação deste problema e eventuais soluções que protejam os trabalhadores e as trabalhadoras".
Em resposta à Lusa, fonte oficial da ACT precisou que a dispensa dos trabalhadores independentes pela entidade contratante "não condiciona" a sua acção inspectiva, nem a promoção pelo Ministério Público da acção de reconhecimento da existência de contrato de trabalho junto do Tribunal de Trabalho.
A mesma fonte adiantou ainda que a reunião da Associação de Combate à Precariedade - Precários Inflexíveis "será agendada prontamente pela Inspectora-geral da ACT", referindo ainda que aquela associação "não identificou, até ao momento, nenhuma situação específica".