PS-Madeira diz que processo “não foi fechado” e continua a pedir eleições
Miguel Albuquerque escusou-se a falar sobre eventuais repercussões desta decisão na resolução da crise política na região e mandou um abraço a Pedro Calado pelos dias difíceis que enfrentou.
A libertação do ex-presidente da Câmara do Funchal e dois empresários, Avelino Farinha e Custódio Correia, não pôs fim à crise política na Madeira. Paulo Cafôfo, líder do PS-Madeira, mantém a posição de pedir eleições antecipadas na região autónoma uma vez que o processo judicial que envolve o presidente do Governo regional, Miguel Albuquerque, “não foi fechado”. E Miguel Albuquerque escusou-se a falar sobre eventuais repercussões desta decisão na resolução da crise política que a investigação do Ministério Público provocou.
"Estou muito satisfeito. Nunca tive dúvidas em relativamente à lisura de Pedro Calado e profissionalismo dos empresários", disse apenas Albuquerque aos jornalistas à saída da Presidência do Governo Regional, de onde enviou "um abraço" a Pedro Calado e à família pelos dias difíceis que enfrentaram.
Já o líder do PS-Madeira, Paulo Cafôfo, assegurou que a decisão do juiz não alterou a posição do partido regional. “O processo está ainda em averiguação, não foi fechado. A posição do PS mantém-se inalterada”, afirmou, depois de interrogado sobre a necessidade de eleições antecipadas. “O PS acredita na justiça e actua com os factos que são conhecidos”, disse o dirigente socialista madeirense na sede do PS, no Funchal, questionado pelos jornalistas à margem da apresentação do manifesto eleitoral da candidatura do partido".
Eleito em Setembro passado, Miguel Albuquerque demitiu-se da presidência do Governo regional (PSD/CDS) no final de Janeiro (mas só formalizou no passado dia 5) depois de ter sido constituído arguido num processo que envolveu Pedro Calado e os outros dois empresários. Como as eleições na região decorreram há menos de seis meses, o Presidente da República está impedido de dissolver a assembleia regional e só o poderá fazer a partir de 24 de Março.
Para evitar novo acto eleitoral, o PSD e o CDS regionais propuseram a constituição de um novo executivo, no âmbito do actual quadro parlamentar, uma posição que contou com o apoio do PAN-Madeira, mas que teve a oposição dos restantes partidos, que preferiam eleições antecipadas assim que possível. O nome do eventual sucessor de Albuquerque não foi ainda revelado.
O representante da República na região autónoma da Madeira, Ireneu Barreto, deverá assumir uma posição sobre a crise política depois de ser recebido pelo Presidente da República na sexta-feira. Mas a comunicação já só deverá acontecer nos dias seguintes.
Sem se pronunciar sobre a questão política, o vice-presidente do PSD Paulo Rangel criticou a “forma” como decorreu a operação judicial, considerando “inaceitável” que os três arguidos estivessem detidos durante 21 dias para serem ouvidos pelo juiz de instrução.
Na CNN Portugal, o dirigente nacional do PSD considerou que é necessária uma explicação da Procuradoria-Geral da República sobre os meios destacados para esta operação e que, na sua opinião, foram desajustados: “A desproporção de meios, o envolvimento das Forças Armadas, jornalistas que chegaram antes do tempo, diamante que não era diamante".
As pessoas quando desencadearam este processo já sabiam que ia ter consequências políticas – sabiam até por causa do precedente aberto pela operação Influencer”, disse Rangel, defendendo que o debate em torno de uma reforma da justiça ainda se tornou mais premente na campanha eleitoral.
Antes de Miguel Albuquerque assumir a decisão de se demitir do Governo regional, Luís Montenegro, presidente do PSD, manteve a confiança política no líder regional. As notícias sobre as suspeitas em torno de Miguel Albuquerque no caso vieram a gerar um embaraço para a direcção nacional do PSD. Albuquerque, que agora lidera um governo em gestão, é presidente da mesa do congresso do PSD e foi o mandatário nacional de Montenegro na campanha interna para a liderança do partido. Com Lusa
Notícia actualizada às 21h, com declarações de Miguel Albuquerque