BE desafia PS a definir-se sobre acordos à esquerda como fez com a direita nos Açores
“O PS definiu-se quanto à direita, era importante também que se definisse quanto à esquerda e que dissesse quais são os entendimentos que está disposto a fazer”, disse Mariana Mortágua.
A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou esta sexta-feira importante que o PS se tenha definido quanto à viabilização de um Governo minoritário de direita nos Açores, desafiando-o a fazer o mesmo quanto a eventuais entendimentos à esquerda após as legislativas.
"Eu acho importante que o PS se tenha definido face à direita e à possibilidade de um Governo minoritário de direita nos Açores. Agora é importante também que o PS se definisse relativamente à maioria que é preciso com a esquerda", afirmou Mariana Mortágua.
A coordenadora do BE falava aos jornalistas depois de ter participado numa reunião com a Associação para o Planeamento da Família, em Lisboa, reagindo ao facto de o PS-Açores ter anunciado esta sexta-feira que vai votar contra o Programa de Governo da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que venceu este domingo as eleições regionais, mas sem maioria absoluta.
Para Mariana Mortágua, é importante que agora o PS se defina quanto "ao acordo que é preciso fazer com a esquerda para políticas que respondam às maiores preocupações das pessoas". "Nós sabemos quais são: acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), habitação e acesso a uma casa que seja possível pagar com o salário, aumento dos salários, educação e acesso à escola. São estas as preocupações das pessoas", defendeu.
A coordenadora do BE sublinhou que "é sobre estes temas que é preciso um acordo, um entendimento para dar soluções, uma resposta ao país a seguir ao dia 10 de Março". E reiterou: "O PS definiu-se quanto à direita, era importante também que se definisse quanto à esquerda e que dissesse quais são os entendimentos que está disposto a fazer."
Questionada sobre se a decisão do PS-Açores pode colocar em causa a estabilidade na região autónoma, Mariana Mortágua respondeu que "o PS responderá pela sua decisão", mas o BE "diz desde o início que não viabiliza um Governo de direita".
"Qual é o sentido e a estabilidade que vem com um Governo com um programa para desmembrar o SNS, para privatizar uma parte da saúde (e falo do programa da direita a nível nacional), mas um Governo que, em específico nos Açores, contribuiu para o aumento da pobreza?", questionou.
A líder do BE afirmou ainda que o Governo regional dos Açores "multiplicou os números de cargos, de lugares que distribuiu entre os seus" e pôs "membros do Governo regional a fazer contratos por ajuste directo com o próprio Governo regional". "Esse não é certamente um Governo que possamos ou queiramos apoiar, e não é um Governo que traga estabilidade aos Açores", referiu.
O líder do PS-Açores, Vasco Cordeiro, anunciou esta sexta-feira que o seu partido vai votar contra o Programa de Governo da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que venceu no domingo as eleições regionais sem maioria absoluta. Nas eleições regionais de domingo, PSD/CDS-PP/PPM elegeram 26 deputados, ficando a três da maioria absoluta.
José Manuel Bolieiro, líder da coligação de direita, no poder no arquipélago desde 2020, disse que irá governar com uma maioria relativa nos próximos quatro anos.
O PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido pelo Chega, com cinco mandatos. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional cada, completando os 57 eleitos.
Já questionada sobre o facto de o líder do PSD ter decidido, afinal, participar nos debates televisivos com a CDU e o Livre, Mariana Mortágua considerou que Luís Montenegro "fez bem". "A democracia faz-se com debate, com confronto de ideias, com clareza sobre programas e só temos a ganhar por Luís Montenegro querer fazer e aceitar fazer esses debates e não ter medo desse confronto", afirmou.