Pedro Nuno Santos sugere que PS-Açores não viabilize Governo de Bolieiro

Pedro Nuno Santos diz que o PSD mente ao afirmar que aprovou o Governo do PS em 1996 e acusa os sociais-democratas de, em 2020, se terem aliado ao Chega para impedir que o PS governasse.

Foto
Pedro Nuno Santos Estela Silva/LUSA
Ouça este artigo
00:00
04:33

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, deixou nesta quinta-feira subentendido que os socialistas não vão viabilizar o Governo de José Manuel Bolieiro, que venceu as eleições regionais antecipadas de 4 de Fevereiro.

"A pressão sobre o Partido Socialista tem sido gigante, mas nós temos de começar também na vida política a ser coerentes e a exigir coerência aos políticos”, afirmou Pedro Nuno Santos nesta quinta-feira aos jornalistas, à entrada para a sexta edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo jornal online ECO na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto.

O presidente do PSD-Açores e actual líder do executivo regional, José Manuel Bolieiro, disse que iria governar com uma maioria relativa na nova legislatura e comprometeu-se a "manter um diálogo aberto e conciliador". Na noite desta quarta-feira, em entrevista à RTP 3, sem excluir nenhuma força política de conversações, o governante apelou ao "sentido de responsabilidade dos partidos", afirmou esperar que o PS assuma um compromisso com a estabilidade e garantiu não haver quaisquer contactos com o Chega-Açores para um eventual acordo governativo ou parlamentar.

Pedro Nuno Santos reagiu ao apelo de Bolieiro, dizendo: “Tivemos oportunidade de ouvir o presidente do Governo Regional dos Açores dizer que, em 1996, o PSD tinha aprovado um Governo do PS. Pois, é falso. [Os sociais-democratas] chumbaram e votaram contra”, corrigiu. "Em 2020, o Partido Socialista ganhou as eleições e o PSD aliou-se ao Chega para que o PS não governasse."

“Nós sabemos que a coligação [Aliança Democrática] venceu e a coligação, mais Iniciativa Liberal e Chega, tem maioria, isso é o que nós todos sabemos. Aquilo que o PSD quer, é quando perde as eleições, fazer uma aliança com o Chega, quando ganha as eleições, quer que o PS suporte o Governo. Basicamente isto era uma forma fantástica, era a forma de garantir que o PSD era sempre poder”, censurou Pedro Nuno Santos, apelando a que “cada um assuma as suas responsabilidades e seja coerente com aquilo que fez no passado".

Esta declaração surge depois de, na segunda-feira, o PÚBLICO ter noticiado que o secretário-geral do PS defende que os socialistas açorianos, liderados por Vasco Cordeiro, devem chumbar o programa do Governo que José Manuel Bolieiro venha a formar.

Depois de a coligação PSD/CDS/PPM ter vencido as eleições do passado domingo com maioria relativa, José Manuel Bolieiro terá de obter pelo menos a abstenção do PS (ou do Chega) para que o seu futuro programa de Governo seja aprovado na assembleia regional. O líder social-democrata assegurou que mantém a intenção de governar com maioria relativa, como disse na noite eleitoral, e garantiu não ter iniciado contactos com os outros partidos no sentido de garantir essa viabilização.

Nas eleições de domingo, a AD conseguiu 26 assentos no hemiciclo, o PS conquistou 23, o Chega, cinco, e o BE, a IL e o PAN alcançaram um mandato cada​.

Mais um debate

Relativamente aos duelos que estão a decorrer, Pedro Nuno Santos mostrou-se disponível para mais um debate com o líder do PSD, isto depois de ter recusado um frente-a-frente nas rádios, desde que, além de Luís Montenegro, participem também Nuno Melo e Gonçalo da Câmara Pereira.

"Eu posso aceitar o décimo debate com uma condição, uma vez que Luís Montenegro quer que Nuno Melo participe nos debates [na televisão com PCP e Livre], eu aceito fazer um debate com a condição de que o debate seja com Luís Montenegro [PSD], com Nuno Melo [CDS-PP] e com Gonçalo da Câmara Pereira [PPM] – líderes dos partidos que integram a coligação Aliança Democrática (AD)", afirmou o dirigente do PS.

O socialista disse que, se o PSD aceitar esta condição, fará o debate, tendo o tempo de ser igual para os quatro intervenientes. "Tal como nas legislativas de 2015 e 2019, as rádios convidaram ainda os líderes dos dois maiores partidos, PS e PSD, para um frente-a-frente. Luís Montenegro aceitou, Pedro Nuno Santos recusou, pelo que o mesmo não se realizará", refere um comunicado, enviado na terça-feira à noite, pelas direcções editoriais da Antena 1, Observador, Rádio Renascença e TSF, onde se noticia que estas rádios organizarão no dia 26 o último debate com todos os líderes com assento parlamentar.

Já na quarta-feira, o presidente do PSD reiterou "disponibilidade total" para mais debates com o líder do PS. Pedro Nuno Santos recusou a ideia de estar a fugir de um debate com Luís Montenegro, com o qual, recordou, já tem um agendado. "São já nove os debates que vou ter e eu preciso de fazer campanha, preciso de estar na rua, preciso de visitar hospitais, preciso de visitar escolas, preciso de falar com as pessoas", justificou.

Sugerir correcção
Ler 73 comentários