“Não foi isto que o sonho de Abril prometeu”: jovens questionam partidos sobre propostas eleitorais
A iniciativa do PSuperior juntou dez jovens, que questionaram os representantes dos oito partidos com assento parlamentar sobre as propostas que têm para o país.
No auditório do PÚBLICO em Lisboa, esta quinta-feira, uma dezena de jovens questionou os oito representantes dos partidos com assento parlamentar. Os sub-30 quiseram conhecer as propostas que os partidos têm para as eleições de 10 de Março, em especial sobre saúde, protecção ambiental e luta contra o racismo e a xenofobia. Houve ainda espaço para questionar que medidas têm para as áreas da habitação, imigração, cultura, jornalismo e empreendedorismo.
“Não foi isto que o sonho de Abril prometeu.” Assim começou o debate promovido pelo PSuperior, pela voz de Tomás Antunes, de 22 anos, que se diz descontente “com o estado a que chegámos”. Como ele, outros nove aproveitaram as três horas de debate para expor preocupações e exigir aos partidos que apresentassem em menos de dois minutos algumas das suas propostas eleitorais.
Quando a médica Sara Moura quis saber “qual a causa da área da saúde” que pretendem defender, PS, Livre e PAN uniram-se na priorização da saúde mental. “A causa é clara: saúde mental”, disse o deputado do PS e líder da JS Miguel Costa Matos, opinião partilhada por Isabel Mendes Lopes, deputada municipal do Livre em Lisboa, e por Rodrigo Andrade, cabeça de lista do PAN por Leiria. Já o dirigente bloquista Fabian Figueiredo e o deputado liberal João Cotrim Figueiredo querem assegurar que a saúde "funciona" no país.
O deputado do PCP Duarte Alves dá prioridade a “salvar o SNS do cerco montado pelos privados”, enquanto o parlamentar social-democrata e líder da JSD Alexandre Poço defende a “complementaridade entre todos os sectores”, público, privado e social. Rita Matias, deputada e líder da juventude do Chega, diz que é prioritário assegurar o acesso à saúde (independentemente do serviço a que se recorre).
Formações anti-racismo
Habituada a combater o racismo e a xenofobia através da partilha de conteúdo literário nas redes sociais sobre diversidade e igualdade, Elga Fontes mudou o tema: quis conhecer as propostas para “diminuir o racismo e a violência racista e xenófoba”.
PS, PSD, Livre, PAN e IL defendem formações anti-racistas e anti-xenófobas a diferentes membros da sociedade. Os socialistas priorizam a formação de forças de segurança e os sociais-democratas apontam como prioridade os estudantes. Livre e PAN dizem que todos os trabalhadores do Estado devem ser formados para a inclusão, enquanto os liberais não especificam o público-alvo.
Para BE, PCP e Chega, o combate faz-se de outras formas, como através do incentivo ao debate sobre o passado colonialista do país ou garantindo a celeridade da justiça.
A activista ambiental Sofia Oliveira questionou depois os partidos sobre as suas propostas ambientais, levando a esquerda e o PAN a unirem-se no investimento nos transportes públicos, especialmente na ferrovia. Já a direita tem propostas diversas: o PSD prioriza a regulamentação da lei de bases do clima, o Chega o investimento “em minirreactores nucleares” e os liberais uma aposta “nos avanços tecnológicos” para que a actividade económica tenha uma “produção descarbonizada”.
Os ânimos exaltaram-se depois, com Cotrim Figueiredo a atacar a atitude adoptada pelo bloquista Fabian Figueiredo ao longo do debate. “Já me tinham avisado que eras um troll e que não jogas limpo. Foste o único deste painel a acusar a IL de coisas que são falsas”, disse, clarificando que, ao contrário do que havia sido dito, a IL não “financia jactos privados” nem é “negacionista das alterações climáticas”.