André Villas-Boas: “Quero mandar um abraço aos sócios do FC Porto agredidos”

Candidato à presidência do FC Porto lança farpas a Pinto da Costa no dia em que apresentou administrador financeiro. José Pedro Pereira da Costa assumiu as mesmas funções na NOS.

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André Villas-Boas é candidato à presidência do FC Porto LUSA/JOSÉ COELHO
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Depois de Pinto da Costa mandar um abraço a Fernando Madureira, líder dos Super Dragões detido no âmbito da Operação Pretoriano, André Villas-Boas aproveitou para repetir o gesto, mas desta feita para os sócios coagidos e agredidos durante a Assembleia-Geral de 13 de Novembro. O candidato à presidência do FC Porto apresentou esta quinta-feira o futuro administrador financeiro em caso de vitória em Abril. José Pedro Pereira da Costa, administrador da NOS até 2023, é o escolhido pelo ex-treinador para assumir a pasta, num momento em que os "dragões" apresentam uma saúde financeira muito debilitada.

“Gostava de mandar um grande abraço a todos os portistas presentes nessa Assembleia-Geral e a todos os sócios coagidos e agredidos”, começou por dizer o ex-treinador, uma referência clara aos elogios feitos por Pinto da Costa ao casal Madureira no último domingo, suspeitos de terem colocado em prática um plano de intimidação para calar a oposição ao actual presidente.

“O dia 13 de Novembro fica marcado como um dia negro na história do FC Porto. Ficou evidente aos olhos de todos que um número muito elevado de associados do FC Porto foi coagido e evidentemente agredido. Graças ao Ministério Público – e não ao Conselho Fiscal – conseguiram-se identificar mais agressores do que os que tinham sido identificados”, prosseguiu, instando a comentar a investigação.

Do lado financeiro, o grupo FC Porto registou um prejuízo de aproximadamente 48 milhões de euros no relatório e contas relativo à época 2022/23, situação declarada de falência técnica. Os capitais próprios são outra das alíneas que causam preocupação aos associados, com o FC Porto a apresentar um resultado negativo de 176 milhões de euros.

No passado domingo, no discurso que marcou o anúncio de recandidatura, Pinto da Costa prometeu apresentar contas positivas para os sócios, garantindo que os capitais próprios estariam novamente em terrenos positivos. Uma promessa que foi mais tarde corrigida em comunicação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), com os "dragões" a esclarecerem que os capitais próprios podem continuar negativos, mas que vão, pelo menos, estar próximos do equilíbrio.

André Villas-Boas ironizou, fazendo referência ao discurso de Pinto da Costa. "Pelo menos anunciam-se capitais próprios positivos: primeiro em Novembro, depois em Dezembro, novamente em Janeiro, talvez em Fevereiro, talvez em Março, mas o que dava jeito era em Abril", refere o candidato.

70 a 90 milhões em vendas de jogadores

O candidato a administrador financeiro, Pereira da Costa, começou por apresentar-se aos presentes na sala: sócio desde 1971, recorda-se de assistir à morte do Pavão no Estádio das Antas e de ver jogar a estrela cubana Teófilo Cubillas. As dúvidas iniciais após o convite de André Villas-Boas dissiparam-se instantaneamente após receber o apoio da família. Pereira da Costa fez agora uma primeira avaliação às contas do clube: o ponto de situação mostra que FC Porto está a perder terreno para os rivais e precisa urgentemente de diversificar as receitas e potenciar valor.

"Temos de gerar, em mais-valias nas vendas de jogadores, entre 50 e 60 milhões de euros para equilibrar os resultados. Para conseguir esta receita temos de vender, todos os anos, 70 a 90 milhões de euros de passes de jogadores. É um valor elevado, um desafio muito grande e coloca grandes questões na gestão da qualidade do plantel", refere o administrador. Esta situação de vendas obrigatórias pode comprometer seriamente o sucesso desportivo do clube, assevera, sendo imperioso mudar o futuro para repor a vitalidade nas finanças do FC Porto.

"Julgo que é possível fazer este longo percurso sem pôr em causa o investimento na equipa de futebol. Temos tido sucesso desportivo, mas não sucesso financeiro. Queremos é juntar estes dois", prossegue. Entre as propostas apresentadas estão uma melhoria do departamento de scouting, não escondendo ser necessária a renegociação dos contratos e das dívidas com os parceiros. Não se traçam ainda, para já, cenários hipotéticos no caso da falha no apuramento para a Liga dos Campeões do próximo ano, receita importantíssima para os "dragões" conseguirem libertar-se de alguma asfixia financeira actual.

Funcionários do FC Porto com medo, denuncia Villas-Boas

Outro dos temas abordados pelos jornalistas prendeu-se com o abraço de Sérgio Conceição a Pinto da Costa, no evento de recandidatura do presidente portista. O técnico portista tinha garantido que iria manter-se à margem do processo eleitoral e Villas-Boas foi questionado se tinha ficado surpreendido com o gesto do técnico. O candidato resume: Conceição é sócio do clube e tem direito a expressar-se, mas denuncia um clima de medo que terá levado muitos outros funcionários do clube a marcar presença.

“Acho que todos os funcionários associados do FC Porto devem expressar-se livremente. Sei de muitos funcionários que decidiram não marcar presença no evento de apresentação de candidatura e muitos que se sentiram na obrigação de ir com medo de represálias e da manutenção do seu posto de trabalho”

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