Partido centrista abandona negociações com o islamófobo Wilders nos Países Baixos

Sem o NSC, o partido radical não tem hipótese de coligação maioritária. Mas poderá ainda formar um governo minoritário.

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Pieter Omtzigt, líder do partido centrista NSC Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW
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A saída inesperada, e surpreendente, de um dos partidos que mantinham conversações com o partido do islamófobo Geert Wilders para formar governo nos Países Baixos fez diminuir as hipóteses de a direita radical populista liderar o governo. O governo minoritário é agora a hipótese.

O partido centrista NSC, que conseguiu 20 deputados na eleição em que o partido de Wilders ficou em primeiro lugar com 37 deputados, invocou “informação nova” sobre as finanças do Governo que tornaram claro que a coligação não poderia cumprir promessas eleitorais. “As expectativas financeiras para os próximos anos mudaram”, declarou Pieter Omtzigt, o líder do NSC, citado pela agência Reuters. “Não queremos fazer, em nenhum caso, promessas que sabemos ser vãs.”

O partido era essencial para uma coligação maioritária entre o PVV de Wilders, o partido de centro-direita VVD, do ex-primeiro-ministro Mark Rutte (agora liderado por Dilan Yesilgöz-Zegerius), com 24 lugares no Parlamento, e o partido dos agricultores BBB (sete lugares).

Wilders manifestou a sua incredulidade: “Os Países Baixos querem este governo, e agora Omtzigt está a desistir enquanto ainda estamos em conversações. Não percebo de todo”, disse, também citado pela agência noticiosa britânica.

Yesilgöz-Zegerius declarou, na rede social X, estar “muito surpreendida”, acrescentando que espera que os quatro partidos possam “sentar-se juntos em breve e perceber exactamente o que está a acontecer”. Do partido dos agricultores a líder, Caroline van der Plas considerou a decisão “desconcertante”.

Não era claro se a decisão teve de facto que ver com as finanças — que já tinham sido consideradas uma questão — ou uma nova mudança de opinião de Omtzigt quanto ao partido de Wilders (o líder do NSC tinha excluído, antes das eleições, formar um governo com o político radical).

A estação de televisão pública NOS dizia que o partido poderia, no entanto, apoiar um governo minoritário. O jornal NRC apontava, pelo seu lado, sete cenários de potenciais coligações, todos considerados como tendo “problemas”.

A popularidade do partido de Wilders tem, entretanto, vindo a aumentar. Na media de sondagens do Politico, o PVV tem agora 32% de apoio, mais do que os 24% que obteve nas eleições.

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