EUA voltam a bombardear houthis no Iémen: “É o início — não o fim — da nossa resposta”
Horas depois de Washington ter prometido continuar a levar a cabo ataques retaliatórios pela morte de três soldados na Jordânia, Forças Armadas atingem posições do grupo rebelde no Iémen.
Os Estados Unidos voltaram a bombardear posições dos houthis no Iémen no domingo, atingindo “quatro mísseis de cruzeiro antinavio” que estavam posicionados para “atacar navios no mar Vermelho”, anunciou o Comando Central das Forças Armadas norte-americanas.
“As forças dos EUA identificaram mísseis em áreas do Iémen controladas pelos houthis e determinaram que representavam uma ameaça iminente aos navios da Marinha dos EUA e aos navios mercantes da região”, justificou o comando central, numa mensagem publicada no X (antigo Twitter).
“[As acções norte-americanas] protegerão a liberdade de navegação e tornarão as águas internacionais mais seguras e protegidas para os navios e navios mercantes da Marinha dos EUA”, conclui.
Os houthis têm justificado os ataques que têm levado a cabo, há várias semanas, contra navios comerciais, e não só, como uma reacção à operação militar de Israel na Faixa de Gaza e em solidariedade com o povo palestiniano.
Os bombardeamentos dos EUA, mas também do Reino Unido, contra posições suas no Iémen fazem com que “todos os navios americanos e britânicos nos mares Vermelho e Arábico” sejam “alvos legítimos”, garantiu o grupo rebelde recentemente.
O ataque de domingo é o mais recente de uma série de operações militares levadas a cabo pelos EUA nos últimos dias contra grupos “apoiados pelo Irão”, que, segundo a Casa Branca, são uma resposta ao ataque que resultou na morte de três soldados norte-americanos, na Jordânia, há cerca de uma semana. Uma resposta que, garante Washington, vai continuar.
Em declarações à CBS, horas antes de o comando central ter informado sobre o último bombardeamento contra o grupo rebelde que controla partes do território iemenita, Jack Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, deu o exemplo do ataque norte-americano de sexta-feira à noite contra posições da Guarda Revolucionária do Irão e de grupos seus aliados no Iraque e na Síria, como “o início” da retaliação do país.
“É o início — não o fim — da nossa resposta e vamos tomar mais medidas, algumas visíveis, outras talvez não tão visíveis; tudo numa tentativa de enviarmos uma mensagem muito clara de que, quando as forças americanas são atacadas, quando são mortos americanos, nós ripostamos. E ripostamos com força”, afiançou Sullivan.
Apesar de os EUA dizerem que os drones utilizados no ataque na Jordânia eram iranianos, Teerão nega, no entanto, quaisquer responsabilidades pela morte dos três soldados norte-americanos e acusa Washington de querer “desestabilizar a região”.
Em entrevista à NBC, também no domingo, o conselheiro de Segurança Nacional norte-americano insistiu que os EUA “pretendem realizar ataques adicionais e medidas adicionais”, para continuarem a dar conta dessa mesma “mensagem muito clara”.
Sullivan contextualizou ainda a visita iniciada nesta segunda-feira pelo secretário de Estado Antony Blinken ao Médio Oriente, que incluirá paragens em Israel, na Cisjordânia ocupada, no Egipto, no Qatar e na Arábia Saudita.
Segundo o conselheiro da Casa Branca, o chefe da diplomacia tem como “principal prioridade” forçar um acordo entre Israel e o Hamas para a libertação de reféns e para a imposição de mais uma pausa na operação militar israelita na Faixa de Gaza.
As autoridades palestinianas no enclave dizem que os ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF) já mataram mais de 27 mil pessoas em Gaza, a maioria civis. As operações das IDF são uma resposta ao ataque do movimento islamista, no dia 7 de Outubro do ano passado. O Hamas matou cerca de 1200 pessoas e sequestrou 240 — algumas morreram, entretanto, outras foram libertadas no âmbito de acordos entre as duas partes.