Referendo: Paris escolheu triplicar taxas de estacionamento para os SUV. Ou seja, 18 euros por hora

Cerca de 54,5% dos parisienses votaram a favor da medida, enquanto 45,5% a rejeitaram. De acordo com os resultados oficiais, apenas 5,7% dos eleitores compareceram à consulta decidida pelo município.

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Um cartaz que diz "Mais ou menos SUVs em Paris? Votação a 4 de fevereiro" é visto num cartaz numa rua de Paris Reuters/BENOIT TESSIER
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Parisienses foram chamados a votar num referendo, a 4 de Fevereiro de 2024, sobre uma proposta do município de Paris para triplicar as taxas de estacionamento para os SUV EPA/MOHAMMED BADRA
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Os parisienses votaram num referendo, no domingo, a favor da triplicação das taxas de estacionamento dos grandes SUV, numa altura em que a capital francesa prossegue com os planos de longo prazo para se tornar uma cidade totalmente ciclável.

Cerca de 54,5% dos parisienses votaram a favor da medida, enquanto 45,5% a rejeitaram. De acordo com os resultados oficiais, apenas 5,7% dos eleitores compareceram à consulta decidida pelo município.

O referendo, menos de um ano depois de os habitantes da cidade terem votado a favor da proibição das trotinetas eléctricas, tem como objectivo triplicar as taxas de estacionamento dos carros de 1,6 toneladas ou mais para 18 euros por hora, a fim de desencorajar os carros "volumosos e poluentes", segundo a Câmara Municipal.

A nova tarifa também se aplicaria aos carros eléctricos de 2 toneladas ou mais. "Orgulhamo-nos de ter colocado uma questão eminentemente ambiental, numa altura em que o ambiente é apresentado como a fonte de todos os males", declarou a presidente da Câmara, Anne Hidalgo, após a publicação dos resultados. "É uma forma de resistência aqui em Paris a este movimento tão preocupante."

Sob o comando de Hidalgo, uma socialista, as ruas de Paris foram transformadas, com 84 km de ciclovias criadas desde 2020 e um salto de 71% no uso de bicicletas entre o final dos bloqueios da COVID-19 e 2023.

"Será que é mesmo preciso um jipe em Paris?", diz Juliette Bruley, 27 anos, numa estação de voto perto de Montmartre. "Levo o meu filho de bicicleta, encontrámos soluções."

No entanto, as alterações enfureceram os automobilistas. Os SUV tornaram-se cada vez mais populares em França, sobretudo entre as famílias.

"Vai custar cerca de 200 euros por dia. É extremamente caro. A vida é cara, os filhos são caros", diz Laure Picard, 37 anos. "O objectivo é que se deixe de usar o nosso carro, mas precisamos do nosso carro para sair de Paris durante as férias e os fins-de-semana".

O grupo de pressão dos automobilistas "40 millions d "automobilistes" lançou uma petição para apoiar a liberdade dos condutores de utilizarem o veículo que quiserem.

"Devemos opor-nos com firmeza a estes atentados à liberdade, sob falsos pretextos ecológicos", declarou o grupo. "Se não pararmos agora, esta rebelião injustificada liderada por uma minoria ultra-urbana e anti-carro vai espalhar-se como gangrena para outras cidades."