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The End: os corpos presos que dançam sozinhos
The End, criação dirigida por Miguel Moreira para a companhia Dançando com a Diferença, está em cena este sábado no Mudas.Museu de Arte Contemporânea da Madeira.
A mesa de Tomáš Niesner está posta. O palco é uma espécie de Boiler Room comandado pelo músico checo, que orquestra os seus sintetizadores sob duas fileiras de projectores de luz quente, suspensas a baixa altitude.
A espessura da batida oscila e estabelece o ambiente levemente enevoado que acolhe os intérpretes Diogo Peres, Mariana Tembe, Milton Branco e João Azevedo, este último vestido com o seu melhor fato com reflexos prateados, pronto para a grande festa.
Mas The End, a criação dirigida por Miguel Moreira para a companhia Dançando com a Diferença, talvez não seja o momento de celebração que o figurino de João promete. Quando Henrique Amoedo, director da companhia com sede no Funchal, Madeira, entrou em contacto com o encenador, actor e coreógrafo cujo percurso está intimamente ligado ao colectivo Útero, a proposta era a criação de quatro solos.
A peça que se estreou na sexta-feira, às 20h00, no auditório do Mudas.Museu de Arte Contemporânea da Madeira, na Calheta (com nova data neste sábado, à mesma hora), acabou por ser outra coisa. Miguel Moreira acredita num certo princípio jazzístico segundo o qual o improviso e a repetição hão-de abrir algum caminho para alguma coisa. Não consegue definir com precisão que caminho é esse, nem a que destino leva.
“Há qualquer coisa eufórica, mas também parece que os corpos estão presos num loop”, descreve. A coreografia faz-se da tentativa de fugir ao vazio, “como se o palco fosse uma redenção, um último momento”. Camilo Soldado