Rebelo de Almeida e António Parente investem 20 milhões em hotel, enoturismo e produção nos Vinhos Verdes
O grupo liderado por Jorge Rebelo de Almeida, novamente em parceria com o empresário António Parente, está a construir uma adega em Ponte de Lima, onde já fez vinho em 2023, e abrirá um hotel em 2025.
O Grupo Vila Galé, liderado por Jorge Rebelo de Almeida, e o Grupo Madre, de António Parente, vão investir 20 milhões de euros até 2025 numa propriedade em Ponte de Lima onde nascerão uma adega e um hotel, com 87 quartos e projecto de enoturismo, e será plantada mais vinha. O Vila Galé Collection Paço do Curutelo, em Ponte de Lima, deverá abrir em Abril do próximo ano e é um dos seis hotéis que a Vila Galé perspectiva abrir nos próximos anos, como deu conta Rebelo de Almeida no início da semana, num encontro com jornalistas, em Lisboa.
Os dois empresários, e amigos de longa data, começaram a procurar o local perfeito na região dos Vinhos Verdes ainda antes de se juntarem para investir no Douro, onde há meia dúzia de anos nasceu o projecto Val Moreira (quinta e hotel, o Douro Vineyards). Encontraram essa jóia chamada Paço do Curutelo, finalmente, em 2023. A propriedade tem um castelo de 1126, que será agora reconstruído, e 9,5 hectares de vinha, quase tudo da casta Loureiro. Na última vindima já fizeram dali vinho — a primeira referência, um branco colheita, chegará ao mercado em Abril — e, no último mês, iniciaram a construção de uma adega nova.
Ricardo Gomes, enólogo do projecto Paço do Curutelo (e também da Quinta de Val Moreira, no Douro), contou ao PÚBLICO que a construção da adega, cujo trabalho será "95% com vinhos brancos", começou em Janeiro e que a expectativa da equipa é ter o edifício e todos os equipamentos prontos a tempo de já se fazer ali a vinificação de 2024.
Nos 9,5 hectares de vinha actuais, com parcelas com idades compreendidas entre os 7 e os 35 anos, há sobretudo Loureiro — de 2023, foi separado um lote para lançar mais tarde um Loureiro estagiado em barrica —, "aí uns 8 a 9 hectares", e o resto é Vinhão e uma pequeníssima parcela de Alvarinho. O plano agora passa por ampliar a área de vinha, com o "objectivo de ter um total de 20 hectares".
"Vamos plantar 10 hectares de vinha nova. E o que temos previsto plantar é Alvarinho, à volta de 4 hectares, será a casta predominante na nova plantação, e na restante área pequenas parcelas de Cerceal, Arinto, Sémillon, Trajadura, Espadeiro, Touriga Nacional, Alvarelhão e Baga", partilha Ricardo Gomes, que também gostava de ali ter Cainho Branco, embora antecipe alguma dificuldade a encontrar varas.
As castas tintas serão utilizadas "sobretudo para fazer rosés", embora o enólogo admita que mais para a frente possa surgir um tinto que honre a tradição da região.
Finalmente, e à semelhança do projecto que acompanha no Douro, Ricardo Gomes "gostava de levar para os Vinhos Verdes a filosofia de intervenção mínima". "Intervir com produtos enológicos só em último recurso."
Tal como na Quinta de Val Moreira, o projecto do Paço do Curutelo é um "projecto pequeno-médio" — no Douro a produção actualmente vai nas 70 mil garrafas e nos Verdes a primeira vindima renderá 4.000 garrafas —, mas que "no seu potencial máximo poderá vir a rondar 200 mil garrafas por ano", sensivelmente um terço da dimensão da produção da Casa Santa Vitória (garrafas, porque existe também uma componente de granel), projecto do Grupo Vila Galé no Alentejo que já leva mais de 20 anos no Douro.
Seis hotéis nos próximos dois anos
Na última segunda-feira, Jorge Rebelo de Almeida deu conta de um investimento global de 50 milhões de euros este ano na abertura de três novos hotéis: o Vila Galé Figueira da Foz, o Vila Galé Isla Canela e o Vila Galé Collection Sunset no Cumbuco, Ceará (Brasil). Uma aposta que um 2023 com receitas recorde e a expectativa de que 2024 possa ultrapassar esse exercício permitem fazer. Para 2025, para além do enoturismo em Ponte de Lima, estão previstas as aberturas do Vila Galé Casas de Elvas e do Vila Galé Ouro Preto, em Minas Gerais (Brasil).
O Grupo Vila Galé obteve receitas totais de 275 milhões de euros em 2023, um aumento de mais de 20% face a 2022, atingindo o melhor ano de sempre em Portugal e no Brasil, anunciou o empresário no mesmo encontro.
Em Portugal, onde conta com 31 unidades hoteleiras, a empresa obteve um volume de negócios de 158 milhões de euros em 2023 (mais 16,77% do face ao exercício anterior). Já os dez hotéis que tem no Brasil, estas somaram receitas a rondar os 629 milhões de reais (cerca de 117,8 milhões de euros, mais 42% quando se compara com 2022).
Apesar de só em Março se fecharem as contas, como sublinhou, Jorge Rebelo de Almeida disse que o seu grupo apontava para que os lucros crescessem para os 100 milhões de euros.