EUA lançam ataques retaliatórios contra posições iranianas na Síria e no Iraque

Operação acontece em resposta a um ataque com um drone contra militares norte-americanos na Jordânia. “A nossa resposta começou hoje”, declarou Joe Biden.

Foto
Joe Biden assistiu esta sexta-feira à chegada dos restos mortais dos militares atingidos por um ataque na Jordânia EPA/MICHAEL REYNOLDS
Ouça este artigo
00:00
03:12

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

As forças norte-americanas lançaram uma série de ataques aéreos, esta sexta-feira, contra posições da Guarda Revolucionária do Irão e de grupos seus aliados no Iraque e na Síria, anunciou o Comando Central do Pentágono.

Sob ataque estão um total de 85 alvos, incluindo instalações militares e logísticas, em meia dúzia de áreas na Síria e no Iraque. A operação envolve aviões bombardeiros B-1 que partiram da base aérea de Dyess, no Texas, a mais de 9000 quilómetros do Médio Oriente.

"No passado domingo, três soldados americanos foram mortos na Jordânia por um drone lançado por grupos armados apoiados pela Guarda Revolucionária do Irão. A nossa resposta começou hoje", declarou o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Essa resposta, sublinhou, "vai continuar em data e em locais da nossa escolha", indicando que a operação militar desta noite poderá prolongar-se.

A imprensa estatal iraniana indica que pelo menos 10 pessoas terão morrido nos bombardeamentos, que terão sido especialmente intensos nos arredores das cidades sírias de Deir-ez-Zor e Mayadin, no Leste do país, junto à fronteira com o Iraque. Bagdad, por seu turno, e através do porta-voz militar Yahya Rasool, condena a "violação da soberania iraquiana" e considera que a acção norte-americana "representa uma ameaça que pode conduzir o Iraque e a região a consequências terríveis".

A operação acontece seis dias após um ataque com um drone na Jordânia que matou três militares norte-americanos e feriu outros 40 numa base conhecida como Torre 22, numa zona remota da fronteira com o Iraque e na Síria. O ataque de domingo foi atribuído a um grupo armado pró-iraniano a operar na Síria.

Esta sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assistiu à chegada dos restos mortais dos militares à base aérea de Dover, no estado do Delaware, e encontrou-se à porta fechada com familiares das vítimas.

A resposta norte-americana era já esperada. “O Presidente e eu não toleraremos ataques às forças norte-americanas e tomaremos todas as medidas necessárias para defender os EUA e as nossas tropas”, tinha declarado na segunda-feira, no Pentágono, o secretário da Defesa, Lloyd Austin, à margem de um encontro com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.

Essas medidas, sinalizou a Casa Branca ao longo desta semana, excluíam um ataque directo ao Irão e passariam por acções localizadas contra posições iranianas na Síria e no Iraque, como as que estão agora em curso. Os repetidos anúncios de uma operação iminente terão sido feitos por Washington para permitir a partida atempada de altas patentes iranianas e evitar uma escalada descontrolada da tensão com Teerão.

Os ataques de grupos afiliados do Irão contra forças norte-americanas no Médio Oriente aumentaram desde o início da nova fase do conflito israelo-palestiniano, a 7 de Outubro, que ganha cada vez mais contornos de uma vasta guerra regional.

A 11 de Janeiro, o Reino Unido e os Estados Unidos lançaram igualmente ataques aéreos contra posições houthis no Iémen, em resposta às acções daquele grupo aliado de Teerão contra a navegação internacional no Mar Vermelho. Os houthis têm apresentado os seus ataques nos últimos meses como actos de solidariedade para com a população palestiniana de Gaza, onde mais de 27 mil pessoas morreram desde Outubro em acções de represália das forças israelitas, por sua vez, pela ofensiva de 7 de Outubro do Hamas, outro grupo apoiado pelo Irão, contra Israel - que vitimou mais de um milhar de pessoas.

Sugerir correcção
Ler 59 comentários