EUA dizem que destruíram drones iranianos e dos houthis no Iémen

Washington justifica nova vaga de bombardeamentos com “ameaça iminente” aos navios comerciais e à Marinha norte-americana. Houthis insistem: navios americanos e britânicos são “alvos legítimos”.

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Protesto contra os EUA e Israel em Sanaa, no Iémen EPA/YAHYA ARHAB
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Os Estados Unidos anunciaram que levaram a cabo uma nova vaga de bombardeamentos contra posições e armamento dos houthis no Iémen entre a noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta-feira.

Segundo o Comando Central das Forças Armadas dos EUA, o contratorpedeiro USS Carney abateu na quarta-feira um míssil balístico antinavio “disparado a partir das áreas do Iémen controladas pelos houthis” para o golfo de Áden e três “UAV [veículos aéreos não tripulados] iranianos” nas “suas proximidades”.

Horas depois, já na quinta-feira de madrugada, fonte do comando central norte-americano disse que “realizou ataques” contra uma “estação terrestre de comando” de drones do grupo rebelde que controla partes do território iemenita, e que destruiu dez drones que estavam prestes a ser lançados num ataque.

Fonte do comando central declara que se agiu em “legítima defesa”, uma vez que, argumenta, estes alvos “representavam uma ameaça iminente aos navios mercantes e aos navios da Marinha dos EUA”. “Estas acções irão salvaguardar a liberdade de navegação e tornar as águas internacionais mais seguras”, garantiu, numa mensagem publicada no X (antigo Twitter).

A nova vaga de bombardeamentos dos EUA contra os houthis no Iémen foi anunciada poucas horas depois de o grupo rebelde, apoiado pelo Irão, ter dito que tinha atingido um “navio mercante” norte-americano no mar Vermelho.

A empresa de segurança marítima Ambrey deu conta de uma explosão numa embarcação que operava a sul do porto de Áden, mas não revelou o seu nome, proprietário ou bandeira.

Os houthis identificaram o navio alegadamente atingido como “KOI”, que a Reuters diz ser um porta-contentores operado pela empresa Oceonix Services, com sede no Reino Unido e com bandeira da Libéria.

Citado pela BBC, um porta-voz dos houthis disse que a embarcação tinha como destino os “portos da Palestina ocupada” e afiançou que o grupo “não vai hesitar” em retaliar contra a “escalada anglo-americana”.

“Todos os navios americanos e britânicos nos mares Vermelho e Arábico são alvos legítimos para as forças armadas iemenitas [dos houthis, não reconhecidas internacionalmente], enquanto a agressão anglo-americana contra o nosso país continuar”, afirmou o porta-voz do grupo rebelde.

Os houthis têm justificado os ataques que têm levado a cabo, há várias semanas, contra navios comerciais, e não só, numa das rotas marítimas mais importantes do mundo, como uma reacção à operação militar de Israel na Faixa de Gaza e como gestos de solidariedade com o povo palestiniano.

O impacto das actividades bélicas do grupo armado no comércio regional e mundial acabou por levar os EUA e o Reino Unido a intervir, realizando ataques direccionados contra posições dos houthis, que dizem que têm como objectivo “proteger a liberdade de navegação” no mar Vermelho e travar o alastramento do conflito, iniciado com o ataque do Hamas contra Israel, a 7 de Outubro, pela região alargada do Médio Oriente.

Aparentemente, não estão, no entanto, a conseguir cumprir este segundo objectivo. No passado sábado, três soldados norte-americanos morreram e mais de 30 ficaram feridos num ataque com drones contra uma base militar na Jordânia, atribuído a grupos pró-Irão da Síria e Iraque.

Na quarta-feira, Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, recebeu Grant Shapps, ministro da Defesa britânico, em Washington. Numa mensagem publicada no X, o chefe da diplomacia dos EUA confirmou que “a liberdade de navegação e a segurança marítima no mar Vermelho e o recente ataque às forças dos EUA na Jordânia” foram alguns dos assuntos em discussão.

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