Pôr o pé na porta, a propósito da intervenção na escultura de Rui Chafes na Av. da Liberdade

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Muito haveria a dizer sobre a ignorância e a arrogância que parecem ter tomado de assalto as instâncias do entretenimento e o espaço mediático em Portugal. Mas não é aqui o lugar para fazermos essa análise — por urgente que seja, é certo.

Falemos claro: a intervenção que foi realizada sobre a escultura de Rui Chafes instalada na Avenida da Liberdade, Sou como tu”, no âmbito de uma iniciativa do Presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, o chamado circuito História com Voz” (cujos textos são da autoria do comediante e escritor Nilton) é um puro acto de vandalismo cultural.

Trata-se de uma acção que, fruto de irresponsabilidade e de atrevimento, é um absurdo total. Se o texto que foi anexado à escultura de Rui Chafes tivesse sido escrito e dito num programa de rádio ou numa intervenção de stand-up comedy, nada haveria a objectar. Nada temos contra o humor e a sua profissionalização, mas o que aqui está em causa é um exercício de usurpação: estamos perante uma intervenção imposta sobre uma obra de arte de um autor, vivo, que foi feita à sua revelia, sem o seu conhecimento, e que a põe a falar”.

Este projecto e a linguagem utilizada não se adequam ao trabalho do artista nem ao espírito da obra e desvirtuam o seu sentido e razão de existir. Por outro lado, do ponto de vista jurídico, legal e moral, não é correcto ter-se anexado a obra de Rui Chafes ao projecto sem o terem consultado, avisado, pedido parecer ou autorização, desrespeitando assim claramente os direitos de autor e de propriedade intelectual. A escultura é uma obra original e não fala. Qualquer outra situação que se quisesse apresentar ao público teria de ter o consentimento expresso do artista.

A juntar a tudo isto, se pensarmos que a ideia geradora deste projecto seria dar voz às figuras históricas representadas nas estátuas, esta obra de Rui Chafes não tem qualquer razão para ser integrada pois não é nem uma estátua, nem representa qualquer figura. Trata-se de uma escultura abstrata que convoca o silêncio.

Esta lamentável iniciativa, atentando contra a obra de Rui Chafes, diz também respeito a todas e a todos os artistas, historiadores de arte, curadores, músicos, poetas, entre outras e outros, porque expõe o desrespeito pela integridade das obras de arte e pelos seus autores, incluindo os que já morreram.

Assim, vimos manifestar o nosso veemente desagrado e indignação pelo descarado abuso perpetrado sobra a obra de Rui Chafes, uma obra que valoriza a cidade.

Nuno Faria

Pedro Falcão

Daniel Blaufuks

Desirée Pedro

Carlos Antunes

Marta Mateus

Pedro Costa

Anabela Mota Ribeiro

Luís Sáragga Leal

Alexandra Carita

Paulo Nozolino

Maria Capelo

José Neves

Alexandre Melo

Isabel Sarmento

Rosa Carvalho

Gil Cortesão

Rui Sanches

André Príncipe

José Pedro Cortes

Marco Franco

José Marmeleira

Simona Iucci

Sara Pinto

Lucrezia Bracci

Andrew Hossein Shobeiri

Sara Sara

Jorge Feijão

José Pedro Croft

Fernanda Fragateiro

Ângela Ferreira

Sara Bichão

Nuno Crespo

António Albertino Santos

Filipa Oliveira

Elsa Garcia

Óscar Faria

Pedro Coragem

João Silvério

Miguel von Hafe Pérez

António Guerreiro

Helena de Freitas

João Pinharanda

Rui Moreira

Albano Silva Pereira

Celso Martins

Luís Quintais

Catarina Rosendo

João Sousa Cardoso

Maria das Dores Ribeiro

Fernando Gonçalves

Miguel Magalhães

Margarida Lagarto,

Rui Vasconcelos

Rita Mega

Teresa Carepo

Márcio Doctors

Cláudia Bakker

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