José Paulo Fafe demite-se da presidência do Global Media Group

Fafe comunicou renúncia aos trabalhadores do Global Media Group, grupo de comunicação social que enfrenta uma grave crise financeira.

Foto
José Paulo Fafe, presidente executivo demissionário da Global Media LUSA/ANTONIO PEDRO SANTOS
Ouça este artigo
00:00
02:33

O presidente da comissão executiva do Global Media Group (GMG), José Paulo Fafe, apresentou a sua renúncia ao cargo nesta quarta-feira, segundo informou num comunicado enviado aos trabalhadores do grupo, que detém órgãos de comunicação social como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e a rádio TSF, entre outros.

O grupo esteve mais de um mês em situação de incumprimento salarial, tendo começado nos últimos dias a pagar os salários de Dezembro aos trabalhadores do quadro. Mantinha-se em atraso o pagamento do subsídio do Natal. Quanto aos colaboradores externos em regime de prestação de serviços, o incumprimento arrastava-se desde Novembro. Em protesto, e para além de uma greve realizada a 10 de Janeiro, a que aderiram jornalistas de outros órgãos de informação, os trabalhadores de várias empresas do grupo anunciaram a suspensão dos seus contratos de trabalho.

A 19 de Janeiro, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) instaurou “sete processos de contra-ordenação ao Global Media Group” por incumprimento salarial junto dos trabalhadores. O Sindicato dos Jornalistas, por sua vez, denunciou esta semana à Inspecção-Geral do Trabalho situações de assédio laboral no grupo.

Para além dos atrasos nos pagamentos dos salários, 0 grupo enfrenta o possível despedimento de 150 a 200 trabalhadores. Um programa de rescisões amigáveis, concluído este mês, não terá tido a adesão esperada pela administração.

Outros cinco administradores da Global Media demitiram-se nas últimas semanas: Filipe Nascimento, Paulo Lima Carvalho, Victor Menezes, Diogo Agostinho e Carlos Beja. Está marcada para 19 de Fevereiro a assembleia geral do grupo, em que será discutida uma solução para o seu futuro. Marco Galinha e outros accionistas declararam-se disponíveis para “retomar o controlo da empresa”, agora maioritariamente detida pelo fundo World Opportunity, e com quem têm trocado publicamente acusações sobre a responsabilidade pela crise financeira do grupo.

No comunicado desta quarta-feira, José Paulo Fafe justifica a renúncia “por considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções, nomeadamente os pressupostos essenciais, nomeadamente o necessário entendimento entre accionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita”.

“Uma última nota: o rigor e a qualidade do jornalismo não se defendem com meras frases de feito, slogans gastos, ou escondendo factos e realidades indesmentíveis. Constrói-se com projecto, com propósito e fundamentalmente com a coragem que falta aos que, preferindo refugiar-se num passado que lhes esconde as fraquezas, se recusam, muitas vezes por inépcias e incompetência, a fazer o futuro”, concluiu Fafe no comunicado.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários