José Paulo Fafe demite-se da presidência do Global Media Group

Fafe comunicou renúncia aos trabalhadores do Global Media Group, grupo de comunicação social que enfrenta uma grave crise financeira.

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José Paulo Fafe, presidente executivo demissionário da Global Media LUSA/ANTONIO PEDRO SANTOS
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O presidente da comissão executiva do Global Media Group (GMG), José Paulo Fafe, apresentou a sua renúncia ao cargo nesta quarta-feira, segundo informou num comunicado enviado aos trabalhadores do grupo, que detém órgãos de comunicação social como o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, O Jogo e a rádio TSF, entre outros.

O grupo esteve mais de um mês em situação de incumprimento salarial, tendo começado nos últimos dias a pagar os salários de Dezembro aos trabalhadores do quadro. Mantinha-se em atraso o pagamento do subsídio do Natal. Quanto aos colaboradores externos em regime de prestação de serviços, o incumprimento arrastava-se desde Novembro. Em protesto, e para além de uma greve realizada a 10 de Janeiro, a que aderiram jornalistas de outros órgãos de informação, os trabalhadores de várias empresas do grupo anunciaram a suspensão dos seus contratos de trabalho.

A 19 de Janeiro, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) instaurou “sete processos de contra-ordenação ao Global Media Group” por incumprimento salarial junto dos trabalhadores. O Sindicato dos Jornalistas, por sua vez, denunciou esta semana à Inspecção-Geral do Trabalho situações de assédio laboral no grupo.

Para além dos atrasos nos pagamentos dos salários, 0 grupo enfrenta o possível despedimento de 150 a 200 trabalhadores. Um programa de rescisões amigáveis, concluído este mês, não terá tido a adesão esperada pela administração.

Outros cinco administradores da Global Media demitiram-se nas últimas semanas: Filipe Nascimento, Paulo Lima Carvalho, Victor Menezes, Diogo Agostinho e Carlos Beja. Está marcada para 19 de Fevereiro a assembleia geral do grupo, em que será discutida uma solução para o seu futuro. Marco Galinha e outros accionistas declararam-se disponíveis para “retomar o controlo da empresa”, agora maioritariamente detida pelo fundo World Opportunity, e com quem têm trocado publicamente acusações sobre a responsabilidade pela crise financeira do grupo.

No comunicado desta quarta-feira, José Paulo Fafe justifica a renúncia “por considerar estarem esgotadas as condições para exercer essas funções, nomeadamente os pressupostos essenciais, nomeadamente o necessário entendimento entre accionistas, para levar a cabo a reestruturação editorial que há muito este grupo necessita”.

“Uma última nota: o rigor e a qualidade do jornalismo não se defendem com meras frases de feito, slogans gastos, ou escondendo factos e realidades indesmentíveis. Constrói-se com projecto, com propósito e fundamentalmente com a coragem que falta aos que, preferindo refugiar-se num passado que lhes esconde as fraquezas, se recusam, muitas vezes por inépcias e incompetência, a fazer o futuro”, concluiu Fafe no comunicado.

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