Drogas, uma arma e milhares de euros apreendidos a Super Dragões. Fernando Madureira detido
Resultados das buscas às residências de 12 pessoas ligadas à claque portista divulgados pela PSP.
Nas buscas domiciliárias da Operação Pretoriano, acção que originou a detenção do líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, a PSP apreendeu uma arma de fogo, vários milhares de euros, “estupefacientes vários”, nomeadamente cocaína e haxixe, artefactos pirotécnicos e mais de uma centena de ingressos para eventos desportivos.
O balanço da operação foi divulgado esta quarta-feira em comunicado, com a PSP a detalhar que os arguidos vão ser presentes na quinta-feira para primeiro interrogatório judicial, ou seja, Fernando Madureira e os restantes arguidos vão pernoitar nas instalações da polícia. Em causa estão os confrontos registados na assembleia geral do clube de Novembro passado, bem como as ameaças a André Villas-Boas, candidato à presidência do clube.
Além de elementos dos Super Dragões, também dois funcionários do FC Porto foram detidos na operação da manhã desta quarta-feira. O PÚBLICO apurou que Fernando Saul, speaker no Estádio do Dragão e oficial de ligação aos adeptos, é um dos 12 detidos numa investigação que tem por base os desacatos ocorridos na assembleia geral do FC Porto a 13 de Novembro.
Os detidos são suspeitos de crimes de ofensa à integridade física em espectáculo desportivo, coacção agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objecto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação.
A residência de Fernando Madureira em Vila Nova de Gaia foi alvo de buscas, com a polícia a apreender viaturas de luxo, entre as quais um Porsche e um BMW.
Fernando Madureira é líder dos Super Dragões há mais de duas décadas. Em 2007, foi acusado de crimes associados à violência no desporto, após confrontos em Matosinhos durante um jogo de basquetebol. Em 2014, após uma incursão de casuals do Sporting junto ao Estádio do Dragão que culminou em desacatos, Madureira foi um dos 87 arguidos acusados do crime de participação em rixa. Mais recentemente, em 2022, foi banido da entrada em recintos desportivos, após um castigo aplicado pela Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD).
Na Operação Pretoriano, também Sandra Madureira, mulher de Fernando Madureira, foi detida. Vítor Catão, antigo dirigente desportivo do São Pedro da Cova e conhecido adepto dos portistas, foi outro dos visados nesta investigação.
O FC Porto já reagiu em comunicado a estas buscas a elementos da claque dos Super Dragões. O clube, que dá conta de terem sido detidos dois funcionários seus e não apenas um como inicialmente foi noticiado, garantiu que pretende “continuar a colaborar com as autoridades em tudo o que lhe for solicitado”. “Se desta investigação resultarem mais factos, o F. C. Porto agirá em conformidade, tal como agiu em relação a três sócios que foram condenados a penas de suspensão entre seis meses e um ano na sequência dos acontecimentos dessa noite”, salienta o FC Porto.
“Guarda pretoriana”
Para quem não acompanha as questões do futebol, o nome da operação desta quarta-feira pode não despertar curiosidade. É, contudo, uma alusão à expressão usada por André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, no dia após a conturbada assembleia geral dos “dragões”. O ex-treinador afirmou que o clube “não pode estar refém de uma guarda pretoriana”, olhando para os Super Dragões como os principais instigadores do ambiente de coacção e intimidação vivido pelos associados portistas.
A principal claque do FC Porto alinhou-se com Pinto da Costa, com o dirigente a elogiar recentemente Fernando Madureira em entrevista. O histórico dirigente assumiu admiração pelo líder da claque, criticando André Villas-Boas pela expressão usada.
“O que existe no FC Porto que é o que eles se referem é uma claque, que tem os mesmos comportamentos de, porque falou nele, quando o André Villas-Boas era treinador do FC Porto. E sempre os treinadores e jogadores vão cumprimentar a claque no fim dos jogos. Então nessa altura não era guarda pretoriana? Tem-se atacado os Super Dragões. Fora dos jogos são como os outros, têm os mesmos direitos”, referiu.
Apesar de não dizer directamente que irá cortar apoios à claque, caso vença as eleições, André Villas-Boas deixou claro que irá fazer uma revisão do protocolo assinado entre clube e grupo organizado. Caso se verifique que os portistas saem prejudicados deste entendimento, vão ser feitas alterações. O caso apontado pelo candidato à presidência diz respeito às queixas de associados do FC Porto que não conseguem ingressos para os jogos fora. Muito destes bilhetes, aponta, são alocados às claques. Com Pedro Sales Dias