Em tempos de crise e incerteza, só os socialistas dão garantias de estabilidade, diz Pedro Nuno Santos

O secretário-geral socialista assume o risco do “avanço de forças populistas, racistas e adversárias do projecto europeu” um pouco por toda a UE e “infelizmente também em Portugal”.

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Pedro Nuno Santos está esta quarta-feira em Bruxelas LUSA/ESTELA SILVA

Na sua estreia em reuniões do grupo dos Socialistas & Democratas no Parlamento Europeu, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, já começou a ensaiar um discurso de campanha que tanto vale para as legislativas, em Portugal, como para as europeias, em toda a União Europeia: num momento de crise e incerteza, como o que se vive, são os socialistas que dão garantias de “protecção” e “estabilidade” às pessoas e à economia.

“Nós estamos mais bem preparados do que qualquer outro partido político para fazer face a qualquer eventualidade com que nós possamos vir a ser confrontados no futuro”, afirmou, vincando a “diferença muito grande” na forma como o PS e as forças políticas à sua direita responderam às crises da dívida soberana ou da pandemia, na última década.

“Os portugueses sabem muito bem a diferença na forma como os socialistas e a direita, nomeadamente o PSD e o CDS, respondem às crises”, comparou Pedro Nuno Santos, contrapondo a “resposta austeritária a uma crise económica e financeira” entre 2011 a 2015, e a “protecção das pessoas, estabilidade e recuperação da economia” após a crise pandémica.

Como frisou o líder do PS, “isto é muito importante nunca se perder de vista, porque com duas guerras, uma dentro da Europa e outra às suas portas, e uma crise inflacionista e as taxas de juro ainda muito elevadas, o ambiente de incerteza é real”. “Não estamos livres de ter novas crises, e a forma como vamos responder a elas no futuro é determinante”, insistiu.

Pedro Nuno Santos falou aos jornalistas ao lado da líder da bancada do S&D, Iratxe García, depois de participar pela primeira vez numa reunião do grupo político dos socialistas no Parlamento Europeu, onde se deu conta do nível de alarme com as projecções eleitorais que dão conta de um forte crescimento das forças de extrema-direita nas eleições europeias de 9 de Junho.

Pedro Nuno Santos também está preocupado com o cenário de “avanço de forças populistas, racistas e adversárias do projecto europeu, que estão a ganhar terreno em vários países europeus, infelizmente também em Portugal”. E, a partir de Bruxelas, lançou-se ao ataque ao Chega, explicando que entende o combate político à extrema-direita como uma obrigação.

“Há uma força política em crescimento em Portugal que nós não podemos ignorar, aliás, não temos o direito de ignorar. Temos de dar-lhe combate”, explicou aos jornalistas estrangeiros, acrescentado que, nas várias disputas eleitorais que se avizinham, “a expectativa do PS é combater o centro-direita e combater a extrema-direita”.

Questionado sobre um cenário de indefinição e impasse político no rescaldo das legislativas de 10 de Março, o líder socialista repetiu que não viabilizará um governo da AD. “Há zero hipótese de haver entendimentos”, garantiu, lembrando que não são só os projectos políticos são “muito diferentes” — são também as “visões da sociedade” que não são compatíveis.

Pedro Nuno Santos afasta assim a hipótese de um novo bloco central, que, na sua opinião, é “má para a democracia”. “O sistema democrático em Portugal precisa de alternativas, precisa de uma válvula de escape de um partido, seja de centro-direita ou centro-esquerda. Comprometê-los com a mesma governação é fazer o jogo do Chega”, considerou.

E aproveitando estar a falar do tema dos possíveis entendimentos, também considerou que “há zero hipótese de o PSD vir a liderar um Governo em Portugal, por isso, das duas, uma: ou uma vitória do PSD significa instabilidade política em Portugal, ou uma aliança com a extrema-direita”.

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