Museus britânicos emprestam ao Gana peças pilhadas durante a colonização

Os 32 objectos em ouro e prata que pertenciam à corte do reino de Axante ficarão expostos no Museu do Palácio Manhyia, em Kumasi.

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Pulseira em ouro do reino Axante, no Gana Cortesia Museu Britânico
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O Museu Britânico e o Museu Victoria & Albert vão emprestar ao Gana, por um período de três anos, peças de ouro e prata da corte real de Axante pilhados pelo exército britânico durante a era colonial, anunciaram esta quinta-feira as duas instituições culturais londrinas num comunicado conjunto.

Ao todo, são 32 objectos que ficarão expostos no Museu do Palácio Manhyia, em Kumasi, capital da região de Axante, no miolo central do Gana. Segundo o comunicado, muitos destes artefactos ver-se-ão expostos no país pela primeira vez em 150 anos.

A decisão surge após meio século de discussões entre o Palácio Manhyia e o Museu Britânico. A devolução temporária destes bens coincidirá com três datas importantes para a região, uma das mais populosas do Gana: o 150.º aniversário da guerra axanto-britânica de 1873-74; a celebração do centenário do regresso do rei Asantehene Agyeman Prempeh I do exílio, após ter sido banido do seu território, e o jubileu de prata do actual governante, Otumfuo Osei Tutu II.

De acordo com o jornal inglês The Guardian, Nana Oforiatta Ayim, conselheira especial do ministro da Cultura do Gana, saudou o acordo como um “bom ponto de partida” para corrigir os erros do passado colonial do Reino Unido. “Não são apenas objectos, têm também uma importância espiritual. Fazem parte da alma da nação. São pedaços de nós próprios que regressam”, comentou. Tristram Hunt, director do Victoria & Albert, admite que estas peças são o equivalente às “jóias da coroa” do Reino Unido.

Os museus britânicos estão impedidos por lei de devolver a título permanente tesouros contestados das suas colecções, lembra o The Guardian. Entre estas peças disputadas encontram-se também os bronzes de Benim, cuja devolução tem vindo a ser requerida pela Nigéria, e os mármores do Pártenon, há muito reclamados pela Grécia.

Segundo o director do Victoria & Albert, este acordo de três anos, que poderá ser prolongado, não equivale a uma restituição pela porta dos fundos. “Temos a responsabilidade, para com os países de origem, de reflectir sobre a forma mais justa de partilhar [estes acervos]", disse Tristram Hunt. “Não me parece que os nossos museus caiam todos se construirmos este tipo de parcerias e intercâmbios.”

Entretanto, o primeiro-ministro grego, Kyriákos Mitsotákis, reiterou os apelos à devolução dos mármores do Pártenon, que Museu Britânico tem em sua posse há mais de 200 anos. Em Março do ano passado, regressaram a Atenas três fragmentos do Pártenon que estavam no Vaticano desde o século XIX.

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