Carolina Shiino nasceu em Ternopil, na Ucrânia, em 1997, e, com apenas 5 anos, mudou-se para o Japão, após a sua mãe se ter casado com um cidadão japonês, tendo vivido a maior parte da sua vida em Nagoya, a quarta maior cidade do país do Sol Nascente.
Hoje, com 26 anos, Carolina sente-se japonesa, tanto na “fala como na mente”, apesar de as suas características físicas denunciarem a sua ascendência leste europeia, que a levaram a ter de, constantemente, “enfrentar barreiras” para ser aceite.
No site oficial do concurso, a jovem diz que, “embora possa parecer uma estrangeira por fora, é verdadeiramente japonesa”. E, quando cumpriu o seu “sonho” de ser coroada Miss Japão, declarou a “gratidão por ser reconhecida neste concurso como uma pessoa japonesa”.
Só que as barreiras nunca foram tão visíveis e a sua vitória pôs o país a debater o seu direito de ser coroada quando, fisicamente, não representa o país: “Esta pessoa que foi escolhida como Miss Japão nem sequer é uma mistura de japonês, mas sim 100% ucraniana.”
A organização do concurso reagiu à polémica, reiterando a sua decisão. “Ela é mais japonesa do que nós”, avaliou a organizadora do evento, Ai Wada, em declarações à BBC, acrescentando que “ela fala e escreve num japonês bonito e educado”.
Mas há quem continue a questionar a mensagem quando “uma pessoa de aspecto europeu é considerada a japonesa mais bonita”.
Carolina Shiino é a primeira cidadã naturalizada a obter a coroa de Miss Japão, sendo que, há dez anos, a vitória de Ariana Miyamoto, com mãe japonesa e pai afro-americano, já tinha desencadeado semelhante debate. É que, embora nascida e criada em Nagasaki, no Japão, a jovem foi acusada de não ser uma boa representante para o país, uma vez que os seus traços “diferentes” e a tez escura estavam longe dos da mulher japonesa tradicional — com pele branca, considerada de “japonês puro”.