Augustin ensinou ratos a tirar selfies — e eles continuaram a fotografar-se

O artista recompensava os animais com açúcar sempre que carregavam no botão para tirar fotografias. Depois deixou de o fazer, mas eles continuaram a tirar selfies.

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Os ratos aprenderam a clicar no botão da máquina fotográfica para receberem açúcar Augustin Lignier
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Augustin Lignier estava a prestes a terminar o curso de fotografia quando foi interrompido por uma reflexão sobre as redes sociais. Não é novidade o facto de as pessoas gostarem de tirar e partilhar imagens do que fazem online. Mas questionou-se se com os animais aconteceria o mesmo.

Não demorou muito a descobrir. Em 2020, decidiu experimentar com dois ratos — um branco e um castanho —, que comprou numa loja de animais de Paris, cidade onde vive.

Colocou-os no interior de uma caixa transparente com dois andares onde também estava um botão que fazia disparar a máquina fotográfica que estava no lado de fora. Se os animais clicassem no botão, Augustin dava-lhes um pouco de açúcar como recompensa e projectava as selfies para que eles as vissem. "Os ratos começaram a tirar selfies poucos minutos depois de eu os ter colocado na máquina", explicou o artista num email enviado ao P3.

A ideia é inspirada na teoria de Skinner que o behaviorista Burrhus Frederic Skinner criou na década de 1950 para estudar o comportamento dos ratos. Tal como Augustin, Skinner colocou os roedores numa caixa a que chamou de câmara de testes e, se os animais pressionassem na alavanca que estava no interior, dava-lhes comida.

Os resultados foram iguais para os dois testes. No método de Augustin, os dois ratos perceberam rapidamente o que tinham de fazer para receberem o tão desejado açúcar e passaram a clicar no botão com mais frequência.

Em declarações ao The New York Times, o artista disse não acreditar que os animais tenham percebido que eram eles que apareciam nas imagens projectadas, mas não duvida que se trata de uma espécie inteligente.

Neste caso, acrescentou, o rato branco era o mais inteligente e, por isso, decidiu que deveria ter o seu nome: Augustin. O outro chama-se Arthur como o irmão.

Depois de pressionar o botão se ter tornado num gesto rotineiro para os animais que esperavam pelo açúcar, Augustin passou a recompensá-los menos vezes. Mas mesmo assim, os roedores continuaram entusiasticamente a clicar no botão e, por vezes, ignoravam o açúcar que o fotógrafo lhes deixava na caixa.

Para Augustin, com os humanos e as redes sociais acontece a mesma coisa: as pessoas publicam uma fotografia e ficam agarradas ao telemóvel à espera de uma recompensa que surge na forma de um like, mensagem ou novo seguidor. Por outro lado, o facto de se manterem ocupadas a clicar no teclado do ecrã pode também ser encarado como prémio.

As imagens, que o fotógrafo descreve como “giras e divertidas”, são também um espelho do “comportamento viciante criado pelas empresas de redes sociais para captarem a atenção das pessoas”, afirma na descrição do projecto.

As que foram publicadas no Instagram mostram os ratos a olhar de frente para a lente, quase colados à parede da caixa e de lado já a sair de cena. O projecto Selfie Rats transformou-se numa exposição que está a correr o mundo e já passou por cidades como Paris, Bolonha, em Itália, Lausanne, na Suíça, Tóquio, no Japão e Seul, na Coreia do Sul.

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