BCP perdeu 6,75% em bolsa após venda de acções pelos chineses da Fosun

Accionista asiático encaixou cerca de 235 milhões de euros com venda de 5,6% e assegura que continua “optimista” quanto à evolução da sua presença no mercado português.

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Responsáveis do BCP dizem que Fosun mantém aposta no banco português LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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O BCP fechou a sessão desta terça-feira a perder 6,75% na bolsa de Lisboa, com as acções a baixarem da fasquia a que um dos accionistas de referência, a Fosun, vendeu na segunda-feira 5,6% da sua participação naquele banco português. Os títulos chegaram a perder perto de 8,4%, mas fecharam nos 0,2681 euros, a recuperar ligeiramente do mínimo de três meses nos 0,2632 euros testado ao longo da sessão. A Fosun fez a sua venda a 0,278 euros.

Não se trata de um desinvestimento total do grupo chinês, que manterá cerca de 20% do capital do BCP de acordo com fontes oficiais. Mas, ao alienar aquela fatia de 5,6% com um desconto de 3,3% face à cotação de fecho de segunda-feira, terá aberto a porta a esta desvalorização, com outros investidores a irem agora vender títulos em baixa. O volume de transacções ao longo da sessão também ficou muito acima da média habitual, mais um sinal da forte reacção dos investidores ao anúncio do maior accionista do banco.

O comportamento das acções do BCP acabou por arrastar o principal índice da bolsa de Lisboa para terreno negativo (-1,06%).

Na segunda-feira, a Fosun anunciou ao mercado a venda daquela parte da sua participação no BCP, a segunda, uma operação que, segundo aquele grupo, valeu um encaixe de cerca de 235 milhões de euros. O accionista asiático, que chegou a deter mais de 29% daquele banco e em Portugal é dono da seguradora Fidelidade, vendeu a 0,278 euros, numa altura em que a acção havia fechado na sessão anterior nos 0,2875 euros.

O grupo chinês garante, em declarações citadas pelo Jornal de Negócios e o Eco, que esta alienação "não tem qualquer relação" com a situação financeira da Fosun ou com os resultados do banco. Acrescenta ainda que se mantém "optimista" quanto ao mercado português e que "continuará a apoiar o desenvolvimento" do BCP em Portugal, mantendo agora cerca de três mil milhões de acções, correspondentes a perto de 20% do capital.

Tal significa que, antes desta transacção, a Fosun já vendeu outros 4% da sua participação no BCP, onde entrou inicialmente em 2016, tendo investido na altura 174,6 milhões de euros para adquirir uma posição de 16,7% no capital social. Isto porque em Junho de 2023, segundo dados oficiais do banco, a participação da Fosun ascendia a 29,45%.

A administração do BCP liderada por Miguel Maya garante, por seu lado, que não foi surpreendida por esta venda e que foi informada "que é a intenção da Fosun manter uma participação acima dos 20%, permanecendo como accionista de referência do banco".

Este desinvestimento da Fosun acontece numa altura em que a economia chinesa dá sinais de abrandamento face ao forte ritmo de crescimento do passado, com os responsáveis políticos da China a revelarem dificuldades para travar os efeitos de uma conjugação de pressões sobre os motores da actividade económica.

Para além do maior banco privado em Portugal, a Fosun também é dona da seguradora Fidelidade e do grupo Luz Saúde, detendo ainda uma posição de 5% na REN.

Em 2023, o BCP registou com a operação em Portugal lucros de quase 296 milhões de euros nos primeiros três trimestres, montante que, em termos consolidados, baixou para 97,2 milhões de euros, depois de incluir a actividade na Polónia, onde o BCP detém 50,1% do Bank Millenium, cujos resultados, apesar de positivos nos últimos quatro trimestres, continuam a ser negativamente influenciados pelo registo de provisões para fazer face a processos judiciais que esta instituição enfrenta na Polónia e que estão relacionados com a carteira de crédito denominada em francos suíços.

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