Percevejos voltam a aparecer num quarto da residência do CAR Jamor

O IPDJ garante “que não há registo de pragas”, mas dois atletas foram novamente forçados a sair dos seus quartos.

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IPDJ diz que tem havido um “alarme social desproporcionado” no CAR Jamor Maria Abranches
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O Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) promoveu na noite de quinta-feira, no auditório do Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor, uma “sessão de esclarecimento aos atletas residentes” do complexo estatal, onde Vítor Pataco, presidente do IPDJ, lamentou o “alarme social desproporcionado” criado pelas notícias de que tinham surgido baratas e percevejos no CAR e a existência de um caso de “alegada intoxicação alimentar”, que debilitou quase duas dezenas de atletas e funcionários. Foi ainda garantido que já “não há registo de pragas nas instalações do refeitório e residência do CAR Jamor”. No entanto, o PÚBLICO confirmou que, nesta semana, dois quartos voltaram a ser isolados após ser avistado um percevejo.

Na sessão de esclarecimento, Vítor Pataco afirmou que “a alegada intoxicação alimentar, o avistamento de baratas, uma queixa de percevejos num quarto e a inspecção da ASAE” foram uma mera coincidência: “Têm apenas uma coisa em comum: foram concentrados no mesmo curto período, alguns no mesmo dia”.

Em relação à inspecção da ASAE, realizada a 13 de Dezembro e que, como o PÚBLICO noticiou, resultou na instauração de “um processo de contra-ordenação por incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene” no refeitório do CAR, o presidente do IPDJ disse aguardar “com total serenidade o desfecho do processo”, uma vez que diz ainda desconhecer o relatório de inspecção, com as devidas recomendações.

Porém, Vítor Pataco assegura que “não foi servida nenhuma refeição relacionada com a eventual intoxicação”. Recorde-se que, após o que o IPDJ diz tratar-se de uma “alegada” intoxicação alimentar, o instituto público entregou à empresa responsável pela confecção de refeições a responsabilidade de efectuar o “levantamento de averiguações”, tendo a mesma concluído que não foram “verificados quaisquer desvios na monitorização realizada”.

Numa sessão em que também estiveram presentes os presidentes das Comissões de Atletas Olímpicos e Paralímpicos, Diana Gomes e Daniel Videira, respectivamente, e ainda dirigentes das federações desportivas que têm atletas a residir no CAR Jamor, Vítor Pataco insistiu que “o assunto foi exposto de forma preocupante” e garantiu que “em momento algum a saúde dos atletas esteve em causa”, apesar de no final de Novembro atletas terem desmaiado no CAR ou terem necessitado de assistência no hospital.

Em comunicado, o IPDJ citou Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, para quem foi tudo “tratado de forma profissional". O dirigente disse estar “tranquilo”, uma vez que considera que os atletas de atletismo “estão bem entregues”. Apesar dos casos de baratas, de percevejos, de uma inspecção da ASAE ter detectado “incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene” no refeitório e de um episódio generalizado de mal-estar que afectou 17 pessoas no complexo, Jorge Vieira afirmou que “este é o ponto mais alto da história do CAR Jamor, em termos de enquadramento humano e condições alguma vez oferecidas a estes atletas”.

No comunicado enviado para as redacções, o IPDJ terminava assegurando que “quanto à questão das baratas e dos percevejos”, tinha a garantia de uma empresa que não havia “registo de pragas nas instalações do refeitório e residência do CAR Jamor”.

As imagens foram recolhidas em Dezembro de 2023 Imagem: DR

Porém, relatos feitos ao PÚBLICO por residentes no CAR asseguram que durante o mês de Janeiro foram novamente avistadas baratas no refeitório e que, na quarta-feira, voltou a ser detectado um percevejo na residência, o que levou a que dois atletas tivessem de abandonar os seus quartos.

Confrontado pelo PÚBLICO com o caso, o IPDJ confirmou que “a residência do CAR Jamor tem um quarto isolado, o mesmo onde já tinha sido realizada uma intervenção” e que “há um quarto adjacente que, por precaução, está desabitado”. Foi ainda referido que “a situação se encontra a ser resolvida com toda a normalidade, com a mínima interferência na actividade regular dos atletas”.

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